Além do setor da agropecuária, a Fenagro 2024 também abriu espaço para a agricultura familiar e a economia solidária da Bahia. O evento trouxe a oportunidade de agricultores familiares e artesãos exporem seus produtos de diversas regiões baianas na Vila da Agricultura Familiar.
Leia mais:
Alunos montam cozinha criativa e sem desperdícios na Fenagro
Diretor da Acelen detalha projeto que transforma planta em combustível
Show de química chama atenção de estudantes na Fenagro
A Associação dos Expositores da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bahia (Aeafes), com sede localizada no distrito feirense de Ipuaçu, é a responsável pelo conjunto de “nômades” expositores. Ela reúne artesãos e empreendedores das cidades de Maragogipinho, Camaçari, Porto Seguro, Jacobina, Cachoeira, São Gonçalo dos Campos, Salvador, Tanquinho de Feira, Feira de Santana, Conceição do Almeida e Ituberá.
Em entrevista ao Grupo A TARDE, Lucival Araújo, conhecido como Dute, presidente da Aeafes, contou que a associação foi formada há 12 anos na própria Fenagro.
“Antigamente nós vínhamos de forma individual cada um de forma individual, então tivemos a ideia de estar formando a associação. Nós participamos de vários eventos no estado da Bahia como Salvador, Feira de Santana, Juazeiro e Senhor do Bonfim. A instituição que realiza o evento e abre espaço para a gente, custeia a logística de transporte, logística pessoal e às vezes também logística de alimentação e hospedagem”, disse Araújo.
A caravana conta com uma diversidade de produtos para todo o tipo de interesse do público. “São plantas, pessoas que fazem biscoitos, que vendem farinha, beijus, cachaça, muita coisa da agricultura familiar. Temos também artesanato, que se engloba na economia solidária, como eu. Eu fabrico meus produtos em argila, em barro. Tem pessoas que fabricam produtos de mineral, tem crochês, tem artesanato em piaçava, bonecas de pano, pano de produtos de couro, é um mix de produtos”, descreve o artesão.
No entanto, Dute destaca a necessidade de patrocínio para que mais artesãos tenham oportunidade de participarem de feiras expositoras. Na Fenagro, a associação contou com o apoio da Bahiapesca.
“A gente está querendo um patrocínio, são mais de 30 eventos durante o ano. Sem a Bahiapesca não estaríamos aqui porque a logística se torna muito cara. Ela tem um caminhão que passa em algumas cidades e pega os produtos de cada empreendimento. A gente sempre vai para as cidades em que nós fomos convidados a estar participando dos eventos. Essa é uma grande luta nossa, há mais de doze anos a gente vem tentando ver se consegue o nosso próprio transporte porque tem que ter autonomia pra isso também. Muitas das vezes a gente não participa de outros eventos por causa dessa situação”, explica o artesão.
Artesões
O artesão Carlos Sabino da Silva veio de Jacobina, cidade na região da Chapada Diamantina, para expor sua produção com pedras. “Nós trabalhamos com as rochas da nossa região, são rochas ornamentais, preciosas e semipreciosas. Elaboramos mais um rejeito das minas, de toda a região serrana. A gente faz a captação desse material. Beneficia na forma de animais e também como utilitários decorativos. No caso dos animais, são chamados figurativos; o adorno, que é a bijuteria; e a montagem de relógios, que são relógios, luminárias; tudo que são o artesanato utilitário decorativo. Tem quartzitos, calcários, rochas sedimentares, cristais, quartzo, ágatas, ametista, citrino, quartzo rosa, são uma série de rochas que a gente implementa no nosso trabalho”, descreve.
Já a mestra artesã, Terezinha Borges, veio de Cachoeira para representar o projeto “Chitarte”, que conta com 17 mulheres bordadeiras da cidade do recôncavo.
“A gente trabalha com bordado na xita há mais de 35 anos, tudo bordado à mão e não esquecendo do social. A gente trabalha com jovens vulneráveis, onde eu vou nas escolas, no horário oposto, dar curso para esses jovens. O que a gente precisa ter é portas abertas porque eu trago o trabalho de todo um grupo de jovens e de mulheres na qual elas também são voluntárias, são artesãs. O que elas fazem eu trago pra feira pra vender, e o que eu vendo na feira, o dinheiro retorna pra essas mulheres. O que eu vendo dos jovens, o dinheiro vai pra esses jovens. Então é um trabalho em rede, o tempo todo. Isso pra mim é muito gratificante”, celebrou.
Considerada a maior feira do setor do Norte e Nordeste, a Fenagro é uma realização do Grupo A TARDE. A programação prevê, entre os dias 29 de novembro e 8 de dezembro, no Parque de Exposições de Salvador, a exibição de animais e produtos agropecuários, leilões e shows, além do espaço infantil Fenagrinho. A expectativa da organização é receber mais de 100 mil visitantes.