No jogo em que o Vitória empatou sem gols contra o Atlético-GO, pela 25ª rodada da Série B, no domingo (27), um fato lamentável chamou a atenção nas arquibancadas estádio Antônio Accioly. O baiano Robson Miranda da Silva, 40 anos, torcedor do Vitória e residente em Goiânia há três meses, foi vítima de injúria racial por parte de um torcedor da equipe goiana.
Em contato com o Grupo A TARDE, Robson trouxe detalhes da situação que ocorreu durante uma brincadeira entre torcedores dos dois clubes na praça esportiva. Ele contou com a ajuda de torcedores do Atlético e de um Segurança que trabalha no estádio, que o instruiu a procurar a polícia. O homem foi identificado e conduzido a uma delegacia, após ser filmado por outras pessoas próximas à confusão.
"Entrei no estádio e como nunca tinha ido, fiquei atrás do gol. Logo na divisória das torcidas. Um rapaz começou a provocar a gente que é normal em estádio. A nossa torcida é calorosa e começamos a provocar também. Apareceu um rapaz de ao menos 45 anos mandou a gente abaixar a bola. Ele passou a mão do braço, falando da cor e me chamou de preto e macaco. Eu parei de brincar e não reparei. O próprio segurança do estádio e dois torcedores do Atlético vieram até mim e perguntaram: 'o cara te chamou de preto e macaco. Quer que eu chame a polícia?' Eu respondi que sim", revelou.
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"A Polícia de Goiás me tratou super bem. Teve um torcedor que gravou coincidentemente quando estávamos discutindo sobre o jogo. E aí, pegamos as imagens do rapaz. Ele foi identificado no meio de mais de 10 mil pessoas. Eu identifiquei e confirmei que era ele, que foi detido e fomos na delegacia", completou.
Robson, que é caminhoneiro, admitiu que trabalhou nesta segunda-feira (28), ainda abalado por conta do crime. "No depoimento, os dois torcedores do Atlético e o segurança foram como testemunhas. Eu agradeço a eles. Eu já estou com processo em mãos, darei andamento e o advogado está me instruindo. Ele provavelmente deve estar solto por causa da audiência de custódia. É inaceitável o que aconteceu. E eu estou trabalhando, mas não estou de bom gosto", concluiu.
Vale salientar que em janeiro deste ano, a Lei 14.532/2023 foi sancionada pelo presidente Lula que igualou o crime de injúria racial ao crime de racismo. Segundo a lei, caso o crime seja cometido em atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao público, a pena é de prisão, de 2 a 5 anos, e proibição de frequência, por 3 anos, a locais destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais destinadas ao público, a depender do caso.
O Grupo A TARDE entrou em contato com a Polícia Civil de Goiás, mas até o momento não obteve resposta. Assim que isso ocorrer, a nota será atualizada.