Marcelo Carvalho, criador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, repudiou a postura dos jornalistas e da La Liga. Na Espanha, onde o brasileiro foi insultado, parte da imprensa culpou o próprio jogador pelo ocorrido.
"A postura, tanto da La Liga quanto da imprensa espanhola, é deplorável. Em momento algum eles demonstraram estar ao lado do Vini Jr, da vítima. Estão parecendo os próprios torcedores racistas, culpando o atacante. Ele sofre violência não só dos torcedores, mas também das entidades que deveriam proteger ele", começou Marcelo em entrevista ao 'LANCE!'.
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No domingo, horas após Vini Jr sofrer uma injúria racial, o presidente Lula se manifestou oficialmente e demonstrou solidariedade ao brasileiro. Na última segunda, o Ministério do Esporte também emitiu nota oficial sobre o assunto, pedindo medidas do Governo da Espanha.
"Tanto na Espanha, quanto no Brasil, estamos muito longe do tratamento ideal para esses casos de racismo. Dá para fazer muito mais do que a gente vem fazendo, tanto em termos de punição aos clubes, como de punição individual aos torcedores que cometem um ato racista. A diferença é que a CBF está prometendo agir mais para combater o racismo. Já a La Liga parece não estar", lamentou.
No primeiro dos vários desabafos de Vini Jr nos últimos dias, o brasileiro afirmou que seguirá lutando contra os racistas "mesmo que longe". A frase foi interpretada por alguns jornalistas e torcedores como uma possível saída do Real Madrid.
Marcelo Carvalho afirmou que não gostaria de ver o atacante deixar a Espanha, mas ressaltou a importância da garantia de segurança para o jogador. "Em um primeiro momento, eu sou contra a saída dele da Espanha, por entender que a saída dele nesse momento é como se fosse uma vitória aos racistas. Mas é preciso pensar que tamanha violência que ele está sofrendo também é um risco à vida. Não dá pra pensar que isso vai ficar só no âmbito desportivo. Tem jogadores que já entram em campo premeditando bater no Vini. É uma questão de segurança que a gente precisa pensar. Olhando por esse lado, não sei dizer se sou 100% favorável a permanência dele. Se eu pudesse falar com ele, diria: "Não saia, mas se você quiser sair, eu tô contigo", finalizou.