
Era dia 8 de fevereiro de 2025 e tinha tudo para ser um domingo normal com rodada do Campeonato Catarinense, mas não foi. Cria da base do Vitória, o goleiro Caíque, que defende as cores do Criciúma atualmente, foi mais uma vítima do racismo no esporte após ser chamado de “macaco” por um torcedor do Brusque.
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A situação deixou o goleiro transtornado e, após a partida, ele se dirigiu até a delegacia junto com um diretor do Tigre para registrar um Boletim de Ocorrência. De acordo com a Polícia Militar de Santa Catarina, o autor do crime foi identificado e preso em flagrante.
À época, os clubes se manifestaram e repudiaram o ato e só. O Brusque, clube do torcedor que praticou o crime, chegou a ressaltar no documento oficial que não poderia ser “acusado ou penalizado pelas más atitudes que teriam sido praticadas por um único indivíduo, torcedor do Brusque ou não”.
O crime sofrido por Caíque não é um caso isolado nem tão pouco uma exceção. Conforme os dados apontados pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, o racismo no futebol tem se tornado uma ‘regra’ e aumentado a cada ano.
Em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!, o goleiro formado na divisão de base do Vitória relembrou o triste episódio em que foi discriminado por causa da sua cor. “É uma sensação ruim, ninguém quer passar por isso, ainda mais dentro de um estádio, que foi feito pra pessoa ir, levar a família e torcer para seu time de coração”, iniciou.
Temos que acabar com isso de uma vez por todas
Caíque, goleiro do Criciúma
“Tem que acabar com isso. Não só no estádio, mas fora também. O respeito tem que ser acima de qualquer coisa, não tem cor, não tem raça, nada que faça sentido a pessoa ser racista. Temos que acabar com isso de uma vez por todas”, completou o paredão.
Punições têm que ser pesadas
Para o atleta, as punições nos casos de racismo devem ser bem rigorosas para que, cada vez mais, os crimes diminuam.
Tem que ser uma punição severa
Caíque, goleiro do Criciúma
”Eu acho que a punição, ela não pode ser flexível, né? Tem que ser uma punição rigorosa. Se for diretamente um jogador, de um jogador pra outro jogador, tem que ser uma punição severa”, destacou Caíque.
Ainda de acordo com o jogador, os clubes devem ser responsabilizados em casos em que o infrator não seja identificado. “As federações, pra tentar acabar com isso, têm que botar jogos com portões fechados. Eu acho que só assim, aos poucos, a gente vai tentando melhorar”, afirmou.
Esperança de um mundo melhor
Na esperança de um dia viver em um mundo sem preconceito, o arqueiro se apega a fé para acreditar que as pessoas ainda vão saber respeita o próximo. “Acho que só quando Jesus Cristo voltar aqui teremos uma vida diferente porque vão ser tratados como igual”, vislumbrou.
No entanto, o atleta ressalta que as pessoas devem lutar para que o racismo deixe de existir na terra. “A gente tem um privilégio, sabe, de fazer a mudança, a gente tenta mudar, a gente tenta publicar [na internet], mas eu espero que sim na terra um dia esteja essa mudança, que as pessoas possam enxergar [que somos iguais]”, concluiu Caíque.