Com o mesmo foco e naturalidade com os quais acumulou feitos históricos no boxe olímpico, a baiana Bia Ferreira trilha sua carreira profissional. Invicta e favorita, ela entra no ringue neste sábado (14), contra a francesa Licia Boudersa, para defender pela primeira vez seu cinturão do peso leve (até 61,2 kg) da Federação Internacional de Boxe (IBF, na sigla em inglês), título conquistado em abril deste ano com a vitória sobre a argentina Yanina Del Carmen Lescano. O combate acontece em Monte Carlo, em Mônaco, por volta das 16h (horário da Bahia).
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“Tive um período de descanso após os Jogos Olímpicos de Paris, passei alguns dias em Salvador e Juiz de Fora (MG), revendo alguns amigos e familiares. Foram dias bons para que pudesse renovar e retornar aos treinamentos. Estou totalmente focada no combate. Realizei uma preparação intensa com minha equipe, analisando os principais pontos e estratégias que posso aplicar na luta. Minha expectativa é muito boa e sinto que me preparei da melhor forma possível”, disse ‘a Braba’ em entrevista exclusiva ao A TARDE.
Vencendo o combate, Bia já tem planos ousados para o futuro próximo. “Estou com 31 anos, quase 32, e com certeza com o objetivo de colecionar cinturões e alcançar feitos que nenhuma brasileira ainda teve oportunidade no boxe. Gosto de ser pioneira e de me desafiar sempre, por isso coloquei como objetivo unificar os cinturões e, eventualmente, mudar de categoria. Conforme for atingindo minhas metas, vou continuar me autodesafiando”, afirmou.
A confiança de Bia Ferreira está não apenas em sua preparação e nas metas muito bem traçadas, mas também em seu currículo. Duas vezes campeã mundial amadora e dona de duas medalhas olímpicas (prata em Tóquio 2020 e bronze em Paris-2024), a baiana de 32 anos está invicta como profissional, com cinco vitórias em cinco lutas.
Oponente
Já a experiente Boudersa, que tem a mesma idade de Bia, soma 27 combates, com 23 triunfos, dois empates e duas derrotas, mas não está mais no auge da carreira. Nas casas de apostas, o favoritismo da luta é altíssimo para Ferreira. Segundo o site Olympics.com, em média, a vitória da baiana paga 1,03 nas principais ‘bets’ do mundo. Já a odd para a francesa está em 8,6.
Ainda assim, a soteropolitana e seu técnico Mateus Alves (que também é head coach da equipe olímpica brasileira) destacam qualidades na oponente. “Ela é uma atleta experiente, com apenas duas derrotas, e para atletas renomadas. Ela nunca tomou um nocaute. Então, a gente entende que é uma pessoa que assimila bem os golpes. É uma boxeadora alta, com uma boa distância nos golpes retos. Contudo, percebemos algumas deficiências na defesa dela que a gente vai buscar durante o combate”, explicou Mateus em entrevista ao Olympics.com.
A lutadora baiana também comentou sobre sua adaptação ao boxe profissional, já que passou muitos anos se destacando na modalidade olímpica. “Apesar de serem o mesmo esporte, são completamente diferentes. No boxe profissional, as lutas têm mais rounds de dois minutos, não usamos capacete e as estratégias são distintas. Nos primeiros rounds, geralmente usamos o tempo para estudar a luta e só depois intensificamos os ataques. Como já vinha treinando de forma híbrida, já vinha adaptando meu estilo ao profissional”, explicou.
A luta de Bia Ferreira contra Lícia Bourdesa será a quarta luta do card deste sábado, e deve acontecer por volta das 16h. No Brasil, a luta será transmitida pelo canal de streaming pago DAZN. A luta valendo o cinturão será um dos destaques do dia, que tem como evento principal o duelo masculino entre Murodjon Akhmadaliev e Ricardo Espinoza, pela categoria super galo (até 55,34 kg).