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Paris 2024 - 07/03/2024, 17:28 - AFP

Ana Marcela Cunha pede 'plano B' diante de incertezas nas Olimmpíadas

Baiana é a atual campeã olímpica e já está com vaga garantida para Jogos

Ana Marcela com ouro olímpico
Ana Marcela com ouro olímpico |  Foto: OLI SCARFF / AFP

Será possível nadar no rio Sena? A incerteza sobre a sede de algumas provas de natação dos Jogos de Paris preocupa a atual campeã olímpica em águas abertas, a brasileira Ana Marcela Cunha, que pede um "plano B" que privilegie a saúde dos atletas.

A cinco meses das competições de natação de longa distância, que serão disputadas em 8 e 9 de agosto, os organizadores ainda lutam para melhorar a qualidade do emblemático rio francês, que também será palco das provas de triatlo.

As amostras de água coletadas entre junho e setembro do ano passado evidenciaram concentrações das duas bactérias indicadoras de contaminação fecal acima (em vários casos) dos níveis permitidos, segundo análises da prefeitura de Paris enviadas à AFP.

"A gente não teve o evento teste no ano passado por conta disso, o que mais nos preocupa, porque eles insistem em querer fazer lá", disse Ana Marcela, considerada uma das melhores atletas da história na modalidade, em uma entrevista à AFP ao término da competição Rainha do Mar 2024, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Mudar o local das provas "não vai tirar a história que tem Paris, não vai tirar a história que tem o Sena. A gente entende a ponte de Alexandre III, pedaço da Torre Eiffel. Acho que tem vários pontos importantes para eles, mas eu acho que o atleta e a saúde vêm antes", acrescenta a nadadora.

"Nunca desistir"

Os trabalhos de descontaminação podem ser em vão em caso de chuva, pois o escoamento das ruas pode poluir novamente o rio.

Apesar das dúvidas em torno do Sena, Ana Marcela mantém o foco no objetivo de repetir a medalha de ouro que conquistou nos Jogos de Tóquio, em 2021.

A tarefa não parece simples. Nascida em Salvador (BA) e dona de sete ouros em Mundiais de Esportes Aquáticos (cinco em provas de 25 km e dois nas de 5 km), a nadadora, que completará 32 anos no dia 23 de março, vai para sua quarta participação olímpica.

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Em Paris, ela terá pela frente campeãs mundiais e olímpicas, como a alemã Leonie Beck e a holandesa Sharon van Rouwendaal (ouro nos Jogos do Rio 2016).

Mas inspirada em uma de suas músicas favoritas ('Dias de luta, dias de glória', da banda Charlie Brown Jr.), cujo título tem tatuado no braço esquerdo, ela avisa que vai lutar.

"A gente vai perder, vai ganhar, vai lutar, mas nunca desistir. Acredito muito nisso e vivo todo o dia essa música".

"O Sena não foi feito para nadar"

Pergunta: A situação do rio Sena te preocupa?

Resposta: "Tem que haver um plano B para caso não seja possível, ter outro lugar que a gente sabe onde pode ser feito. É muito de a organização aceitar que talvez, infelizmente, não vai conseguir fazer a prova onde eles desejam e se preocupar com a saúde do atleta, que vem em primeiro lutar".

P: O que você pensa antes de competir em águas potencialmente sujas?

R: "Eu acho que é um antes e um depois. No dia da prova, a gente não tem mais o que fazer, já está lá e é o que tem. E o depois, porque a gente sai e daqui a 15 dias a gente pode ficar doente ou não, pode ter alguma coisa.... Na hora de competir a gente não está nem aí para isso, a gente se preocupa depois".

P: É preciso um cuidado especial para que seu esporte não seja afetado pela contaminação da água, em meio à crise climática?

R: "A gente precisa e é um cuidado de todo mundo, porque isso só está assim, do jeito que está, talvez pelas pessoas, pela forma como as pessoas 50 anos atrás vêm piorando a situação, jogando plástico no mar, jogando plástico na rua. Tudo tem a ver com o que fizemos com a natureza, mas também acredito que tem a ver com a estrutura em Paris: o rio Sena não foi feito para nadar".

P: Você se sente favorita ao ouro?

R: "Eu sei que todo mundo espera isso, é algo que eu sei lidar sob pressão e expectativa. Mas tudo pelo que eu passei, de mudanças, da cirurgia no ombro [realizada em novembro de 2022]. Acho que as meninas [adversárias] me respeitam e eu vou chegar, sim, sendo bem visada, mas acredito que estou bem tranquila".

P: Será sua última participação em Jogos Olímpicos?

R: "Eu falo que enquanto eu estiver feliz, evoluindo, não quero colocar uma data, porque parece que você entra numa contagem regressiva. Eu não quero ter uma data para parar".

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