Ó Paí, Ó é uma das obras mais importantes para a indústria do cinema nacional, sendo a maior representação da Bahia nas telonas. O filme foi um sucesso e sua repercussão foi tão grande que, mesmo depois de mais de uma década, o público ainda clamava por uma sequência, que terá estreia oficial na quinta-feira (23), mas com sessões de pré-estreia nos próximos três dias. De acordo com Érico Brás, o trabalho da equipe afetou também a maneira como o povo baiano é representado pelas grandes produções.
“Essa companhia de teatro com várias obras, que estão refletidas no Ó Paí, Ó 1 e 2, encerrou uma era Jorge Amadiana no Brasil”, começou. O ator explica que, há alguns anos, todos os personagens baianos do cinema eram baseados apenas no que Jorge Amado descreveu em seus livros.
“Toda mulher baiana é uma Tieta, é uma Gabriela com um tomara que caia com metade do peito na rua. Qualquer menino correndo na rua é um Capitão de Areia que tá ali para roubar”. O ator finalizou instigando que novas histórias sejam escritas sob essa nova perspectiva. “Além de Ó Paí, Ó, tem milhões de histórias que podem ser contadas só aqui. Quem vai contar isso?”, finalizou.
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Filmado no Centro Histórico de Salvador e no bairro do Rio Vermelho, Ó Paí Ó 2 utiliza humor e música para abordar temas sociais e denúncias do cotidiano da população pobre e, em sua maioria, negra. A trama vai apresentar novas aventuras dos personagens que marcaram o primeiro longa. Além de Dira Paes, Érico Brás, Luciana Souza, Tânia Tôko e Lyu Arisson, retornam à produção Rejane Maia, Jorge Washington, Cássia Valle, Edvana Carvalho, Vinícius Nascimento, entre outros.
Somam-se ainda ao elenco em participações especiais os atores Luis Miranda, Ricardo Oshiro e Clara Buarque, e representantes da cena musical baiana, como os cantores Russo Passapusso (BaianaSystem), Margareth Menezes, Tiganá Santana, Guiguio Shewell (ex-Ilê Aiyê), Pierre Onassis (ex-Olodum), Nininha Problemática, o grupo Attooxxa e a cantora Alana Sarah.
A diretora Viviane Ferreira ("Um Dia com Jerusa"), segunda mulher negra no Brasil a dirigir individualmente um longa-metragem de ficção, também assina o roteiro ao lado de Elísio Lopes Jr, Daniel Arcades, Igor Verde e colaboração de Luciana Souza, Bando de Teatro Olodum e Rafael Primot. Primeira brasileira a ganhar um prêmio no Festival de Sundance, Lílis Soares ("Mami Wata") assina a direção de fotografia. O filme tem patrocínio Devassa, marca do Grupo HEINEKEN Brasil, e apoio do Rei do Mate, Calvin Klein e Banco BRP.
Sinopse
Mais de quinze anos se passaram entre os dois filmes. Agora, Roque (Lázaro Ramos) está prestes a lançar sua primeira música e acredita que vai se tornar um artista de sucesso. Em tratamento psicológico desde o assassinato de seus filhos, Dona Joana (Luciana Souza) volta a aprontar no prédio, mas há quem ache que ela é quem está certa.
Já Neuzão (Tânia Toko), perde seu bar para uma turma de caráter duvidoso, causando uma comoção geral. Enquanto isso, os jovens da segunda geração dominam a tecnologia e lutam pela causa negra com atitude regada à música e poesia.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos