O dendê é muito mais que apenas parte da culinária baiana, ele faz parte da história da Bahia e dos pratos típicos. É normal ouvir em diversos locais da capital baiana, alguém falar "se não tem dendê, não é da Bahia", e desta vez o dendê toma uma nova forma, como o tempero da literatura infantil baiana.
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Carregando o gostinho da Semana Santa na Bahia, a professora e escritora Palmira Heine lança sua nova obra literária ‘João e o pé de dendê’. O livro é uma releitura do clássico ‘João e o pé de feijão’, mas com toda a pegada e molejo baiano.
Na releitura, João se torna um menino baiano que, ao vender seu estimado canário amarelo na Feira de São Joaquim, recebe sementes mágicas de dendê. Com a grande palmeira em seu quintal, ele embarca em uma aventura regada, principalmente, de muitos elementos culturais do Nordeste.
“Minha missão é levar literatura e representatividade para crianças da Bahia e do Brasil. Minhas releituras são sempre muito bem recebidas. A ideia ao produzir contos como esse, não é corrigir contos tradicionais, mas brincar com eles, trazendo novos elementos em outras versões”, explica a autora Palmira Heine, que coleciona seis releituras infantis na sua vasta produção literária, toda com toquezinho especial da Bahia, em especial Salvador.
Em entrevista exclusiva para o Portal MASSA!, Palmira revela detalhes sobre o livro, o processo de escrita, e é claro, a importância para a representatividade das crianças na Bahia.
O dendê é um elemento muito importante e marcante na cultura baiana, não só na culinária, mas também em elementos religiosos. O dendê faz parte da nossa identidade e da nossa cultura
Professora e Escritora baiana Palmira Henia
“Eu trouxe isso para que as crianças se sintam representadas e que se sintam parte dessa cultura para que se reconheçam enquanto crianças que estão nesse processo de reconhecimento da própria identidade”, detalha.
Com uma linguagem acessiva, o livro traz uma conexão entre autor, leitor e a cultura. O foco é claro em a criança conseguir se ver na história, mas, além disso, ver de onde veio, onde pode chegar e aprender mais sobre elementos tão importantes.
"Eu ouvi de crianças leitoras requisitando isso, se ver nas histórias, queriam ver a cultura delas, a capoeira, a música, a culinária, e tinham muita dificuldade em achar isso. [...] Com a ludicidade de trazer os elementos que nos constituem, nossa identidade em João e o pé de dendê, trago o reconhecimento de um conto antigo em um novo, com os elementos da cultura baiana", indica a autora.
João é uma criança da periferia, que vivia com dificuldades sendo obrigado a trocar o canarinho pelas sementes na Feira de São Joaquim. Estes elementos ajudam ainda mais a forma como as crianças conseguem se ver nele.
O gigante na verdade é um burro, que é uma metáfora, significando não um gigante maligno, mas sim todas as mazelas sociais que vão impedir as crianças da periferia, pobre de subir e ter essa ascensão
Professora e Escritora baiana Palmira Henia
“João vai impactar a comunidade em que vive com aquela produção, mostrando que a partir de iniciativas que podem ser colocadas em prática a gente pode transformar a cidade, pessoas e João passa a ajudar as pessoas da sua comunidade, o lugar em que vive e criando uma rede de apoio e a ideia de que é possível ter iniciativas que possam realmente fazer a diferença”, finaliza Palmira Heine.
Saiba onde ler
O livro será lançado na Biblioteca Juracy Magalhães, no Rio Vermelho, nos dias 25 e 26 de abril, durante a Feira Literária Independente da Bahia (FLILIB). Palmira possui diversos outros livros e releituras, incluindo uma de Chapeuzinho Vermelho, em que a personagem visita o Pelourinho em Salvador e se encontra com diversos famosos baianos, incluindo Ivete Sangalo.
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