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Representa muito - 26/10/2024, 08:20 - Artur Soares*

Gran Maître: produtora baiana ganha destaque no cinema internacional

Focada em representatividade, a produtora leva a identidade da Bahia para o mundo

Wesley Rosa, Gabriela Correia,
Susan Rodrigues e Marcos Alexandre
Wesley Rosa, Gabriela Correia, Susan Rodrigues e Marcos Alexandre |  Foto: Denisse Salazar / AG. A TARDE

O cinema nacional está mais vivo do que nunca. As produções brasileiras vêm ganhando cada vez mais força no cenário audiovisual mundial. Um exemplo recente disso é o longa Ainda Estou Aqui, que se tornou o representante do Brasil na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional. Surfando nessa onda surgiu a Gran Maître, uma produtora baiana e independente que está levando a cultura do estado para o mundo inteiro.

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O projeto foi criado em 2020 por Gabriel Correia, Susan Rodrigues, Marcos Alexandre e Wesley Rosa como uma forma de contar histórias que normalmente não ganham repercussão no mercado audiovisual.

“A gente sentia muita falta de pessoas negras por trás das câmeras, escrevendo histórias e dirigindo. Tem um recorte racial e de gênero em todos os nossos processos”, contou Marcos Alexandre, roteirista e um dos fundadores da Gran Maître.

Um dos objetivos da produtora é levar a identidade do povo baiano para as grandes telas. “A gente tem percebido que a linguagem e a estética soteropolitana tem um fator importante de representatividade e inclusão em um cinema mais diverso”, afirmou Marcos.

Além disso, o projeto também visa dar a devida visibilidade para os baianos responsáveis por produzir essas obras.

“É justamente trazer essa relevância para quem faz esses projetos. Sempre houve holofotes voltados para a cidade, mas ainda há um déficit muito grande de que essas pessoas contem as próprias histórias”, contou Wesley Rosa, um dos sócios da Gran Maître.

Fundadores da produtora baiana Gran Maître
Fundadores da produtora baiana Gran Maître | Foto: Denisse Salazar / AG. A TARDE

Renovação no cinema e diversidade

O grupo aponta que o audiovisual no país sofreu com o sucateamento nos últimos anos, mas que ainda assim vem conseguindo se reerguer com cada vez mais força. “Acho que existe um processo muito bonito do cinema brasileiro conseguir se renovar e restabelecer mundialmente de maneira muito forte”, contaram.

Apesar de lutar ativamente pela representatividade, o projeto não se resume a apenas isso e também produz outros tipos de filmes para além desse recorte.

“Eu sei que a gente tem esse recorte, mas também não é só isso. A gente faz obras pensando em nossa equipe, nossas narrativas negras, mas também queremos fazer filmes de gênero. Nosso próximo curta é uma ficção científica”, enfatizou Gabriela Correia, produtora executiva do projeto.

A relação dos streamings com cinema

Com o fechamento dos cinemas durante a pandemia de Covid, uma grande parte do público encontrou nas plataformas digitais uma alternativa para consumir cinema.

Essa dominância de grandes corporações estrangeiras atinge de forma negativa as pequenas iniciativas nacionais que tentam se consolidar no mercado.

“Como a gente vai conseguir equilibrar a balança com esses filmes que, obviamente com o poder financeiro na mão, não vão ter nenhum tipo de limite ou negociação com as produtoras que têm uma dependência financeira?”, questionou Marcos.

O roteirista também aponta que o streaming vem perdendo um pouco da força que já teve.

“O boom dos streamings começa a diminuir. As pessoas estão voltando para o cinema. O cinema não morreu, não parou de acontecer”, completou.

Apesar das críticas, Marcos Alexandre acredita que as plataformas digitais podem servir como um meio para divulgação de pequenas produções.

Por mais que a Gran Maître esteja presente em festivais internacionais, esse tipo de evento ainda continua sendo algo de nicho. Dessa forma, o streaming seria uma possibilidade de levar as produções baianas para o grande público estrangeiro. “

Se a gente tiver a oportunidade de ter um filme nosso no streaming, que possa alcançar outros lugares, eu acho que é muito interessante. Acho que seria muito interessante se públicos de outros lugares pudessem assistir o que a gente produz aqui”, completou Gabriela.

*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos

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