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DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE TRANS - 29/01/2025, 10:30 - Jaísa de Almeida* - Atualizado em 29/01/2025, 11:18

Curiosidade e desvalorização deixam homem trans com ‘sede’ de vencer no conteúdo adulto

Paco Domingues abriu o jogo sobre as vivências nas produções profissionais

Paco é produtor de conteúdo adulto
Paco é produtor de conteúdo adulto |  Foto: Arquivo pessoal

No Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado nesta quarta-feira (29), as discussões sobre o espaço e os direitos da comunidade LGBTQIAPN+ ganham ainda mais destaque. No Brasil, a data traz à tona a importância de dar visibilidade aos desafios e conquistas desta população, especialmente no mercado de trabalho, na saúde e, da mesma maneira, no setor de entretenimento adulto, onde a invisibilidade ainda é uma realidade, mas se configura como um meio de ‘ganhar o pão’ para cada profissional.

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Por causa disso, o Portal MASSA! trocou ideia com o influenciador digital de conteúdo adulto, Paco Domingues (@pac0d0mingues). De forma bem de boa, ele abriu o jogo sobre os desafios que enfrenta no mercado de conteúdo voltado para homens trans. Como é trabalhar em um setor onde sua identidade é constantemente fetichizada? O que falta para que a presença de homens trans seja mais reconhecida, tanto pelo público quanto pelas empresas do ramo?

O profissional, que também atua como garoto de programa, conta que, apesar do aumento na presença de homens trans na indústria do sexo, ainda falta visibilidade.

“A gente ainda é visto como fetiche. Homens trans são apenas objetos do desejo de uma parte do público, mas não como pessoas completas, com identidade e história”, lamenta. Um dos maiores desafios é o fato de que, enquanto homens cis já têm seu público estabelecido, no universo trans: “somos sempre fetiche do público gay”.

Paco falou sobre sua realidade enquanto homem trans
Paco falou sobre sua realidade enquanto homem trans | Foto: Arquivo pessoal


Isso reflete na forma como o conteúdo é consumido, com muitas pessoas interessadas em ver a interação de homens trans com homens cis, no papel passivo, por exemplo. "Somos curiosidade para os gays que querem saber como é penetrar uma vagina, mas não tem interesse em se relacionar com mulher”, explica.

O ‘corre’ é louco (e ‘desvalorizado’)

Apesar de ser um mercado que, aos poucos, tem dado espaço para homens trans, Paco aponta que não há um investimento real na divulgação dessa parcela da comunidade. “Cada um por si. Não tem campanha de visibilidade para o público de homens trans. O mercado adulto tem mais olhos voltados para o que é cisgênero e as vezes até para mulheres trans. Se ganhei mais de R$ 400 por mês em todo esse tempo que faço produções, foi muito.”, ‘larga o doce’ ele.

Ele destaca, ainda, que muitos dos conteúdos produzidos demandam práticas como o sexo sem camisinha, o que coloca em risco a saúde dos profissionais e, muitas vezes, não leva em consideração a segurança e o bem-estar de quem está na frente das câmeras.

"Em muitos dos meus conteúdos e atendimentos privados me pedem para fazer sem camisa e eu rejeito. O que geralmente faz com que eu perca o trabalho, mesmo sendo uma atitude de prevenção a saúde de ambos os envolvidos.”, desabafa o ‘profissa’.

O influenciador também observa que a percepção do público sobre os homens trans está longe de ser simples. Para ele, as interações, muitas vezes agressivas e desrespeitosas, revelam a falta de respeito com a identidade trans, reduzindo-a à genitalidade.

'Porradas' do mercado

Aos poucos, Paco tem buscado ressignificar sua imagem, apostando na construção de uma estética mais “masculina”, se apresentando agora como um “bear” e deixando de lado a etiqueta de “twink”. “Estou mais peludinho agora, buscando um estilo mais forte, mais masculino, porque é isso que o público quer ver”, indica.

Paco tem buscado ressignificar sua imagem
Paco tem buscado ressignificar sua imagem | Foto: Arquivo pessoal

Para ele, essa adaptação é uma estratégia para conseguir mais espaço no mercado. No entanto, o influenciador acredita que a visibilidade trans no conteúdo adulto não se limita à estética ou à construção de um corpo ideal. Ele reforça a importância de que a comunidade trans seja vista em sua totalidade. “Nós existimos e precisamos ser reconhecidos. O mercado está aberto para novas possibilidades, e nós temos tudo para brilhar. Mas ainda falta a gente se sentir parte disso, ser respeitado e não apenas fetichizado”, considera.

O conteúdo adulto, segundo Paco, é uma porta que pode abrir novas oportunidades para os homens trans em outras áreas do entretenimento e da mídia. Ele acredita que, com o tempo, o mercado vai se moldar e ser mais inclusivo, desde que a visibilidade e o respeito sejam levados a sério. Por fim, ele acredita que sua missão é a de ser verdadeiro consigo mesmo, sem se importar com o julgamento alheio.


*Sob a supervisão do editor Pedro Moraes

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