
Não é incomum encontrar pessoas que sofram com alguma condição que afete a saúde mental. De acordo com a Agência Brasil, em 2014, quase 203 mil brasileiros foram afastados do trabalho em razão de episódios depressivos, transtornos de ansiedade, reações a estresse grave e outras questões relacionadas à saúde mental. Já em 2024, 10 anos depois, os números mais que duplicaram, passando para mais de 440 mil afastamentos em razão de transtornos mentais e comportamentais.
Mas não é só no trabalho que os transtornos costumam interferir, a vida sexual também pode ser afetada, como explica a psicóloga Rute Macedo. "Tanto a depressão quanto a ansiedade mexem com a forma como a pessoa sente, pensa e reage ao próprio corpo. Fazendo uma relação direta com o assunto em questão, a depressão costuma diminuir a energia, o interesse e o prazer em geral, inclusive o sexual. Já a ansiedade deixa a mente em alerta o tempo todo, o que dificulta relaxar e se envolver no momento íntimo".
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A psicóloga também relatou que a perda de libido é comum em pessoas que estão com a mente sobrecarregada por tristeza, medo ou preocupações. Além disso, pensamentos negativos sobre si mesmo, culpa ou baixa autoestima também influenciam diretamente a vontade de ter relações sexuais.
"Na depressão, a perda de libido está associada à diminuição do prazer, à baixa autoestima e ao cansaço emocional. Já na ansiedade, o excesso de preocupação e antecipação de problemas faz com que a mente esteja “ocupada demais” para se conectar com o momento presente, o que reduz o desejo e a excitação", destacou Rute.

Culpa
Muita gente acaba se sentindo culpada pela falta de prazer ou interesse sexual e isso acaba gerando mais uma sobrecarga, o que pode piorar a situação. "Muitas pessoas sentem que “precisam” manter relações para não frustrar o parceiro(a), o que gera culpa e desconforto. Isso pode levar a relações sexuais desconectadas do próprio desejo, o que tende a aumentar o sofrimento emocional. E com o tempo, isso pode aumentar o afastamento emocional e tornar o sexo uma obrigação, e não uma experiência de troca e prazer", ressaltou a profissional.
Ainda segundo a psicóloga, o correto é ter uma conversa franca com o companheiro ou companheira sobre o que está sentindo. "Uma conversa aberta e sincera é fundamental", cravou.
Falar sobre o que está acontecendo ajuda a reduzir interpretações equivocadas, fortalece a parceria e fica mais fácil enfrentar o problema juntos, sem cobranças ou julgamentos.
Rute Macedo
"Na depressão, a perda de libido está associada à diminuição do prazer, à baixa autoestima e ao cansaço emocional. Já na ansiedade, o excesso de preocupação e antecipação de problemas faz com que a mente esteja 'ocupada demais' para se conectar com o momento presente, o que reduz o desejo e a excitação", explica.
Medicação
Rute esclareceu que medicações como antidepressivos e ansiolíticos podem dar uma 'baqueada' no prazer, portanto o acompanhamento com o médico deve ser constante.
"Algumas medicações podem interferir não só na libido, como também na excitação ou até mesmo no orgasmo. Por isso, é importante conversar com o médico caso perceba mudanças na resposta sexual (para avaliar ajustes de dose, troca de medicação, por exemplo) e também com o psicólogo para ajudar a lidar com os pensamentos e emoções envolvidas nesse processo, e assim minimizar esses efeitos.
Tratamento
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza tratamento gratuito para quem tem depressão ou ansiedade e começa na Unidade Básica de Saúde (UBS) com clínico geral. Ele pode encaminhar para um psicólogo ou psiquiatra nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) para terapias e medicação, com acesso gratuito pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e medicamentos essenciais.
Vale destacar que em caso de risco contra a própria vida pode-se acionar o CVV (188), que oferece apoio 24h.
