
Ficantes, conversantes, namoro aberto, namoro fechado... hoje em dia existem os mais variados tipos de relacionamentos. A sexualidade humana se reinventa a cada época, abrindo espaço para que os casais experimentem diferentes formas de viver a vida a dois — ou a três, ou a quatro.
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Mas o que tem mexido mesmo com o imaginário da galera é o relacionamento aberto. O assunto sempre volta aos holofotes quando rola uma polêmica de traição, como aconteceu recentemente com a cantora Iza. Depois da separação motivada por uma pulada de cerca, o ex-jogador Yuri Lima voltou a ser criticado por consumir conteúdos de outras mulheres na internet.
Yuri Lima, homem que traiu e foi perdoado pela Iza, republicou a foto de uma mulher desconhecida em seu Instagram. pic.twitter.com/I7gDTLjJOO
— POPTime (@siteptbr) September 9, 2025
E aí surgem as perguntas: será que um relacionamento aberto é a “solução” para evitar traições? Dá pra ser traído mesmo quando o parceiro tem liberdade para ficar com outras pessoas? E, no fim das contas, o que significa viver nesse modelo de relação?
O que é um relacionamento aberto?
O relacionamento aberto é um modelo em que duas pessoas estão comprometidas romanticamente, mas têm a liberdade de sair, beijar ou se envolver sexualmente com outras pessoas — desde que isso esteja previsto no acordo entre o casal. O que cada um pode ou não fazer vai depender das regras estabelecidas pelos dois.
Enquanto a monogamia se baseia em um vínculo afetivo e sexual exclusivo, o relacionamento aberto propõe uma flexibilização dessas fronteiras, sempre a partir do que for combinado entre as partes.
Vale lembrar também: um relacionamento fechado pode existir tanto em casais monogâmicos quanto entre pessoas que se identificam como poliamorosas ou não-monogâmicas.
RELACIONAMENTO afetivo. Então o não monogâmico é basicamente aquela pessoa que consegue entrar num trisal e num relacionamento poliamoroso. Vamo dizer que tem Jorge, Maria e João, eles três NAMORAM, OS TRÊS. Então isso é um relacionamento não monogâmico.
— conta memória ✨ (@julkulture) September 18, 2022
Para a psicóloga e sexóloga Sara Santon, é importante desmistificar a ideia de que não-monogamia significa “não existe traição”.
"Trair não é só ‘ficar com outra pessoa’, é quebrar um acordo, é não ser leal ao que foi firmado. Se o casal combinou certas coisas e uma das partes fura esse combinado, é traição, independente do formato da relação", ressaltou.

João e Clara (nomes fictícios para preservar a identidade do casal) sabem bem a importância das regras dentro de uma relação aberta. Juntos há mais de quatro anos, o biólogo de 24 anos e a estudante de biologia, de 23, começaram o namoro justamente nesse formato.
"O primeiro passo é entender que seu parceiro, assim como você, também tem desejos. Na não monogamia, você tem que entender o que significa aquele relacionamento, e é necessário o diálogo sempre", destacou João. Para ele, sentir atração por outras pessoas faz parte da vida.
Sentir atração por outra pessoa, mesmo as pessoas que não fazem parte do seu relacionamento, é algo normal, diria que é até da natureza do ser humano.
Biólogo, 24 anos 'João'
O jovem também ressaltou que o respeito foi a base para que a relação funcionasse. "Gostávamos muito um do outro, mas ainda não estávamos prontos para a responsabilidade de um relacionamento monogâmico fechado. Gostávamos de outras pessoas, e conseguimos nos entender por um tempo com o relacionamento assim", completou.
Não é bagunça!
A sexóloga reforça a mesma linha: acordos claros, respeito e diálogo são indispensáveis para qualquer relação. "É de extrema importância ter responsabilidade afetiva com o parceiro e com quem entra nessa dinâmica. Relação aberta não é bagunça, é só uma forma diferente de se relacionar, porém com acordos selados e responsabilidade afetiva quanto qualquer outra", pontuou.
Segundo a especialista, não é o tipo de relação que evita traições, mas sim o compromisso com a honestidade e com os combinados do casal. Relações abertas também enfrentam crises, precisam de cuidado, escuta e presença. Só com responsabilidade é possível sustentar esse modelo.
* Sob a supervisão da editora Amanda Souza
