“Excitação: desejo carnal; estado do corpo que reage favoravelmente a estímulos sexuais”. É isso que sentem os indivíduos no momento da prática da golden shower - ou chuva dourada - , ato sexual que consiste em urinar ou receber jatos de urina do parceiro durante o sexo.
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Apesar de não ser tão comum ou falada abertamente, a golden shower já caiu na boca dos famosos. Em participação em um programa de TV, a atriz Flávia Alessandra, casada com Otaviano Costa, assumiu que realiza a prática sexual com o marido. No entanto, após a grande repercussão, o apresentador destacou que a fala da esposa se tratava de uma brincadeira.
Sem parar por aí, até mesmo Jair Bolsonaro, ex-presidente da república, questionou nas redes sociais o que era a prática sexual.
Afinal, o que sabemos sobre a prática comentada até mesmo pelos famosos, porém que não é tão comum de se ouvir falar? O Portal Massa! conversou com especialistas para entender melhor sobre o tema, de uma forma descomplicada e sem tabu.
Inicialmente, é importante destacar que a golden shower - ou urofilia, no termo científico - não é mais considerada uma patologia desde 2013. Isso porque os psiquiatras consideraram que para a prática sexual ocorrer é necessário o consentimento do parceiro.
De acordo com a sexóloga Raquele Carvalho, a golden shower está “associada à excitação de urinar ou receber jatos de urina do parceiro (a) durante o ato sexual ou em um contexto sexual”.
A excitação que os adeptos sentem pode ter relação com o odor da urina ou ainda do contato do líquido na boca ou em outras partes do corpo. No entanto, a profissional adiantou que os motivos para sentir prazer no ato é algo individual. “Os motivos são muitos e individuais, e tem relação com o desejo de cada pessoa. É muito pessoal”, destacou a sexóloga.
Para realizar a golden shower de forma prazerosa para ambos é necessário alguns pontos, como pesquisa, consentimento e certos cuidados.
“Primeira coisa é pesquisar o que é golden shower, porque todos precisam saber o que vai acontecer. Com o consentimento, toda essa prática precisa ser acordada de forma segura, com limites e alinhamento de expectativas. Outra coisa importante é saber se há a possibilidade de inversão de papéis. Além disso, é importante ter alguns cuidados para não cair nos olhos ou em outras áreas que podem ser muito sensíveis, o ambiente limpo de preferência e que te proporciona uma segurança”, afirmou Raquele.
A sexóloga alertou sobre os cuidados necessários durante a golden shower, em especial em questão de saúde. “Quando a gente fala de urina, estamos falando de bactérias, então, é preciso ter cuidado com a questão de saúde, porque isso pode gerar infecções, se entrar no olho ou em outros orifícios", explicou a profissional.
Raquele também salientou sobre pontos importantes. “Se você está com algum ferimento aberto, algum machucado, se está com cárie, isso tudo pode ser prejudicial. Então, para a prática é importante que você faça com muita consciência e que tenha consentimento de ambas as partes envolvidas, e o mínimo de segurança sanitária”, finalizou a sexóloga.
Riscos para a saúde?
Falando sobre cuidados e perigos, a médica ginecologista e sexóloga Patrícia Nogueira bateu um papo com o Portal Massa!, e evidenciou os riscos para a saúde, que podem ser causados pela prática da golden shower, e como praticar com segurança.
Segundo a médica, a prática pode trazer riscos, como transmissões de infecções, vírus e bactérias. “Os maiores riscos estão associados às transmissões de infecções que podem estar ali presentes naquela urina, muitos parceiros recebem essa urina na cavidade oral, por momentos demorados, em determinada área do corpo, como mucosa anal e mucosa vaginal, e se essa urina estiver contaminada e até mesmo passando por processo de má higiene pode sim carrear vírus, bactérias”, iniciou Patrícia.
“Vários vírus podem estar presentes ali, como o vírus da hepatite B, o vírus HIV, a gonorreia, sífilis, então a gente precisa sim ter cuidado, porque é, sim, uma fonte, uma prática sexual que pode levar danos à saúde”, complementou a médica.
Indo além, a ginecologista pontuou sobre a facilidade de realizar o ato quando o parceiro já é alguém que se tem um relacionamento onde as infecções sexualmente transmissíveis são sempre pesquisadas e você tem certeza que essa pessoa não tem um vírus sexualmente transmissível.
Vale destacar ainda que o contato da urina com a pele em tempo prolongado pode acarretar em prejuízos. Isso porque o líquido tem um Ph ácido, alta concentração de sódio e de enzimas.
“O contato da urina por um tempo prolongado em uma região da pele, por exemplo mucosa ou vulvar, vaginal, ânus, que é uma prática muito usada, pode causar lesões. Desde uma simples lesão, causada pela própria acidez, até formação de fissuras e úlceras”, adiantou a profissional.
Para os que gostam de engolir a urina do parceiro, Patrícia pontuou sobre a quantidade e os riscos. “Às vezes, alguns parceiros colocam, por uma questão de fetiche, essa urina na região de cavidade oral, que pode ser deglutida em grande quantidade e que pode também piorar situações de gastrite, por exemplo”.
Por fim, a ginecologista citou as regiões do corpo que são sensíveis à urina. “A mucosa ocular é uma região muito sensível. A mucosa vaginal e a mucosa anal também. Essa prática da urofilia tem que ser muito bem acordada entre ambas as partes e tem que ter muito cuidado com infecções sexualmente transmissíveis. Então, no mais, não existe preocupação maior, as partes precisam estar cientes, se cuidando”, declarou Patrícia.
Fala, povo!
O Massa! tentou descobrir o que as pessoas acham sobre a prática sexual. E já adiantando, os adeptos da golden shower não são muitos.
"Eu nunca fiz. Minha opinião é que acho 'breguissímo', bem inusitado e não faria. Quem faz é porque gosta, mas não faria, porque acho 'uó'", opiniou Maria Flor, de 24 anos.
"Eu não descrimino nenhum fetiche, acho que cada um tem seu gosto. Eu não faria, porque acho nojento, mas cada um tem seu gosto”, resumiu João Marcos, de 25 anos.
“Eu não sou adepta à golden shower. Além de não sentir qualquer prazer nessa prática, eu imagino que não seja minimamente higiênica para o casal. Sobre aqueles que são adeptos, creio que a melhor alternativa é consultar um ginecologista e analisar se não terá nenhuma complicação imediata ou futura”, disparou Sophia Dias, de 23 anos.