25º Salvador, Bahia
previsao diaria
Facebook Instagram
WHATSAPP
Receba notícias no WhatsApp Entre no grupo do MASSA!
Home / Na cama com o Massa!

Tabus - 30/08/2025, 08:00 - Amanda Souza

Fetiche com bonecas infláveis: sexólogo explica motivos e preconceitos

Entenda quando o uso de bonecas infláveis é apenas uma preferência sexual e quando pode indicar sofrimento ou afastamento social

Bonecas infláveis estão no imaginário dos fetiches sexuais
Bonecas infláveis estão no imaginário dos fetiches sexuais |  Foto: Reprodução / IA / ChatGPT

Quando se fala em fetiche, muita gente pensa em salto alto, tecidos específicos ou partes do corpo como pés e mão. Mas a verdade é que o universo é muito mais amplo e um tipo de prática tem chamado atenção: o uso de bonecas infláveis e sex dolls hiper-realistas. O tema ainda é cercado de preconceito, mas especialistas da áreas afirmam que ele faz parte da diversidade sexual humana.

Leia Também:

O sexólogo e psiquiatra Jeová Batista explica que o fetiche está ligado a uma excitação direcionada a objetos ou partes do corpo, diferindo de fantasias mais amplas e variáveis. “Quando a gente está falando de fetiche, a gente está falando de uma excitação, uma conotação sexual, mas que está muito associada a algum objeto”, disse. Ele lembra que isso é diferente de um transtorno fetichista, no qual a pessoa passa a depender totalmente daquele objeto para sentir prazer, o que gera sofrimento.

Ele observa que, em alguns casos, o uso da boneca pode estar relacionado a dificuldades de estabelecer vínculos afetivos e sexuais. O recurso, segundo ele, “vai lhe protegendo, então sou eu e a boneca, e ninguém vai me julgar”. Para o médico, o impacto depende da forma como a prática se insere na vida da pessoa.

Quando ocorre de forma recreativa, não há maiores prejuízos. “Eu gosto disso, eu curto, mas, se eu esquecer de levar em uma viagem, eu vou viver, eu vou transar e vai ser muito bom”, disse. Mas Jeová alerta que, quando a substituição das relações humanas pela boneca é total, há sinais de problema. “Estamos falando de alguém que tá buscando um isolamento, um vínculo com outras pessoas, e é precisa ser tratado”, completou.

Jeová Batista, psicólogo e sexólogo
Jeová Batista, psicólogo e sexólogo | Foto: Arquivo pessoal

Além disso, Jeová destaca que os fetiches, em geral, não devem ser encarados como algo “anormal”, já que fazem parte da pluralidade da sexualidade. Segundo ele, o que diferencia um comportamento saudável de um problema clínico é justamente a presença de sofrimento. Se a pessoa vive bem com seu desejo e não se isola por causa dele, não há motivo para preocupação.

Outro ponto importante é que o tema costuma gerar reações extremas na sociedade: curiosidade, repulsa, humor ou até preconceito. Esse julgamento social, de acordo com o especialista, acaba reforçando o silêncio das pessoas que têm esse tipo de prática, dificultando o acesso ao tratamento qunado necessário. Quanto mais tabu, mais difícil se torna lidar com a questão de forma aberta, inclusive dentro das relações familiares ou conjugais.

Quando deixa de ser saudável

Segundo Jeová Batista, o uso de bonecas infláveis ou qualquer outro tipo de brinquedo ou fetiche é saudável enquanto não gera sofrimento nem impede as relações sociais e sexuais. O problema começa quando a prática se torna a única forma de excitação.

“Deixa de ser saudável quando essa pessoa vai se distanciando do convívio de outras pessoas, quando isso passa a afetar questões associadas a uma auto percepção de si, quando essa autoestima tá lá embaixo. Quando isso gera culpa, quando isso gera sofrimento, aí já não é mais saudável”, alertou o médico.

Tecnologia e desafios

O especialista também avalia os impactos da tecnologia nesse cenário. Ele cita as experiências com realidade virtual e inteligência artificial, que podem ampliar a sensação de prazer solitário. Para Jeová, esse avanço pode ser tanto fascinante quanto preocupante. “Isso pode gerar um afastamento muito grande na dinâmica das relações”, afirmou.

Por fim, o médico aconselha quem tem esse fetiche e sente vergonha ou culpa a buscar apoio. Para ele, é importante entender que o fetiche não define o caráter da pessoa. “É para ter prazer e não sofrimento, tá? E que se tiver, se essa pessoa estiver envolvida aí em relação a sentimentos de culpa, vergonha, a terapia encontra um lugar de sucesso nisso”, concluiu.

exclamção leia também