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Expo Favela - 24/10/2025, 21:25 - Vitória Sacramento*

Trancistas ganham espaço e reconhecimento com nova regulamentação

Formalização do ofício marca avanço histórico, mas desafios como capacitação e valorização ainda persistem

Fábrica Cultural, Ribeira
Fábrica Cultural, Ribeira |  Foto: Shirley Stolze / Ag A TARDE

Você já colocou tranças no cabelo? Se não, com certeza já viu alguém desfilando com tranças longas e cheias de estilo. O que antes era apenas parte da rotina de beleza de muitas mulheres, hoje ganha ainda mais força com a regulamentação da profissão de trancista. Na Expo Favela Innovation Bahia 2025, o trabalho dessas profissionais tem destaque: elas estão presentes, ao vivo, trançando os cabelos de quem quiser e mostrando na prática a importância cultural e econômica dessa arte.

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Taiane Carvalho, 41 anos, é coordenadora das trancistas no evento, e afirma que “foi muita luta para a gente conseguir colocar essas transistas no Carnaval de Salvador, remunerada, e pela primeira vez também num lugar que já era para estar, que é na Expo Favela”. Ela se identifica pessoalmente com o ofício, pois “sempre tive o cabelo crespo… as tranças sempre fizeram parte da minha infância, da minha vida. Eu me sinto empoderada quando estou com a trança”.

A categoria das trancistas tem avançado no campo institucional: recentemente, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) incluiu oficialmente a profissão de trancista na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) sob o código 5161-65. Esse reconhecimento marca um passo importante para que essa atividade, historicamente invisibilizada, passe a ter respaldo legal, acesso a benefícios trabalhistas e reconhecimento como ofício cultural e econômico.

Imagem ilustrativa da imagem Trancistas ganham espaço e reconhecimento com nova regulamentação
Foto: Shirley Stolze / Ag A TARDE

No entanto, como Taiane ressalta, o reconhecimento formal ainda não resolve todas as lacunas: “a galera deveria dar mais atenção para as meninas que estão ali começando… vai ser seu direito garantido… mas eu acho que ainda falta… mais cursos voltados para qualificar, ensinar elas a precificarem, hoje tem transista que cobra mil reais e outra cobra duzentos”. A questão da padronização de preços, da capacitação técnica, da formalização e de políticas públicas que acompanhem a inserção eficaz das trancistas no mercado mostram que ainda há desafios práticos a superar.

Imagem ilustrativa da imagem Trancistas ganham espaço e reconhecimento com nova regulamentação
Foto: Shirley Stolze / Ag A TARDE

Além da dimensão econômica, há também o aspecto cultural: a coordenação destaca que “as trancistas, elas, por muitos anos, viveram na invisibilidade. E hoje, estar numa exposição, com uma Expo Favela, é o seu lugar de direito”. Participar de um evento como esse significa que essas mulheres não apenas vendem um serviço, elas afirmam presença, visibilidade e pertencimento em espaços que antes as excluíam. O público, segundo Taiane, “abraça em geral… todos os eventos que nós vamos, a gente tem um abraço muito grande, uma aceitação muito grande por parte do público”.

Com a regulamentação em curso e a formalização da ocupação, a pauta das trancistas torna-se também uma pauta de justiça social, valorização da cultura afro-brasileira e fortalecimento do empreendedorismo feminino periférico. A regulamentação permite abrir caminhos para piso salarial, benefícios previdenciários, capacitação e políticas de apoio, em especial para as mulheres negras que compõem majoritariamente essa categoria. Ainda assim, o trabalho nas comunidades, o acesso aos recursos, a visibilidade e o empoderamento desses profissionais dependem não apenas da lei, mas da mobilização e inclusão.

*Sob supervisão do editor Anderson Orrico

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