A palavra aumento nem sempre significa satisfação ou realização. Exemplo disso é o caso que envolve a categoria dos taxistas. Ainda que a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) tenha anunciado o reajuste de 16,5% no valor tarifário das corridas de táxis em Salvador, a classe está ‘na bronca’ com a nova condição.
Em entrevista ao Portal Massa!, Evandro Mello, de 63 anos, e que está há quatro décadas atuante na profissão, condiciona a decepção sobre o novo valor a qualidade do serviço.
“A nossa categoria estava há 7 anos sem correção das perdas e, nesse acumulado, foram quase 38% a 39% de inflação. Então estávamos pleiteando em torno de 30 a 40% para realmente corrigir a inflação, porque na realidade não é nem aumento, é correção. Com essa correção de 16,5%, não chega nem a metade das perdas devido à inflação no período de sete anos. Essa política da prefeitura de não corrigir a tarifa como deveria faz com que a qualidade no serviço caia, o taxista não vai poder trocar de veículo, dar manutenção e se sustentar. Foi uma correção frustrante”, indica Mello.
O taxista inclusive defendeu o lado do passageiro e mencionou a superioridade da classe, sobretudo quanto a concorrência, como os motoristas por aplicativo, como desabafo.
“A gente não quer que tenha uma tarifa que fique inviável para o passageiro pegar, mas queremos também uma tarifa na qual a gente possa comprar um carro novo. A gente sabe que tem os nossos concorrentes, que são os carros de aplicativo, mas você ver que a qualidade dos veículos são inferiores aos nossos, e não são tão novos quanto os nossos. Na realidade, o aumento seria se fosse acima da inflação, que foi no período de 38%, então teríamos que ter 40%, mas tivermos 16,5%, acrescenta o experiente taxista.
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Para José Nilton, de 64, e que acumula 34 anos de carreira na profissão, essa medida acentua a decadência sofrida pelo segmento. Apesar disso, ele avalia como “justo” o reajuste.
“Após termos lutado tanto por reajustes como todas as classes, ou seja anualmente, nunca tivemos o prazer de ver isso se realizar, o segmento vem a cada ano ficando mas sem valor, a sociedade vê sempre o táxi como algo sem valor .São longos anos sem reajuste de tarifa e, sempre que se ventila, muitos são contra, pois hoje existe uma concorrência desleal. Sou sempre a favor do reajuste, como todos os outros serviços aumentaram. Mesmo com a concorrência, o táxi é diferenciado. Esse percentual é até de assustar, porém é justo”, avalia o profissional.
Com 20 anos de praça, Paulo Roberto Machado Nery, ponderou a atual condição da Semob. Segundo o taxista, caso o aumento fosse maior, a procura dos passageiros poderia ter o sentido contrário: a queda.
“Depois de muitos anos sem aumento, já era hora de aumentar a tarifa que não é um aumento real. Do outro lado, se desse um aumento que deveríamos ter, com tantos aplicativos aí, iria ficar mais difícil para todos nós taxistas, porque o pessoal ia correr para o aplicativo, porque é mais barato”, conta, em entrevista ao Portal Massa!.
O que mudou?
A bandeira 1 passa a ter o novo valor de R$ 2,82, saindo de R$ 2,42. Já a bandeira 2 passará a valer R$ 3,94. No mais, a bandeira, ficou para R$ 5,64, enquanto a da hora parada na casa dos R$ 28,20.
Todos esses valores só vão podem ser cobrados à medida em que os taxistas realizarem a aferição do taxímetro nas oficinas credenciadas. O último reajuste, acima de tudo, aconteceu em janeiro de 2016.