
Você costuma escutar rádio? Pois saiba que existe a possibilidade de ouvir uma emissora voltada exclusivamente para o seu bairro. Essas são as rádios comunitárias, que vêm crescendo a cada ano e conquistando cada vez mais espaço nas comunidades. Para celebrar esse avanço, líderes do setor se reuniram na tarde desta sexta-feira (12), no bairro da Boca do Rio, em Salvador, em um encontro marcado por música, homenagens e integração entre comunicadores.
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Promovido pelo Clube dos Trinta e pela Associação dos Profissionais de Comunicação e Rádio Comunitária da Bahia (Apracom), o evento contou com a participação de empresários, artistas e representantes de mais de 35 rádios comunitárias, além de apresentações musicais, performances teatrais e sorteios de brindes. O clima foi de festa e também de reconhecimento pelo papel que essas emissoras exercem no dia a dia das comunidades.
Líder das rádios comunitárias e responsável pelo maior complexo de rádios comunitárias da América Latina, Jair Chiada destacou o compromisso social do setor. “A rádio comunitária é número um porque está próxima do povo. Se alguém da comunidade pede uma música, a gente toca. Se acontece uma perda, a gente divulga. Além da comunicação, realizamos projetos sociais, como o ‘Fazer o Bem sem Olhar a Quem’. É um trabalho que vai além do rádio, transformando vidas”, afirmou.

A gestora Luciane Pinheiro, de 40 anos, que administra as rádios da Calçada e de São Caetano, ressaltou a importância de momentos de troca. “Eu comecei nesse meio aos 16 anos, acompanhando meu pai, que também era gestor de rádio. Esses encontros nos fortalecem, porque no dia a dia não temos esse contato. A população tem abraçado o nosso trabalho em festas, eventos religiosos e culturais, e isso nos dá ainda mais motivação”, disse.
Já o presidente da Apracom, Paulinho FP, reforçou os desafios financeiros enfrentados pelo setor. “As rádios comunitárias têm um papel social essencial, mas os gestores precisam se virar para manter as despesas. O poder público ainda não reconhece a força desse veículo de comunicação. Quando isso mudar, o futuro das rádios comunitárias será muito melhor”, defendeu.

O empresário Roberto Santana, que já trabalhou com artistas como Olodum, Harmonia do Samba e Alexandre Pires, chamou atenção para a necessidade de investimentos. “A rádio comunitária é fundamental para dar espaço tanto a artistas iniciantes quanto consagrados. Mas ainda existe uma grande deficiência de estrutura, justamente pela falta de apoio dos órgãos públicos. Sem esse suporte, fica difícil crescer”, afirmou.
Mais do que simples canais de entretenimento, as rádios comunitárias são espaços de informação, cultura e pertencimento. Elas garantem voz a quem muitas vezes não encontra espaço na grande mídia, aproximam comerciantes e moradores e fortalecem a identidade local. Somadas, essas emissoras alcançam toda a capital baiana e parte da região metropolitana, mostrando a força e a importância desse veículo de comunicação popular.