
Alunos do Colégio Estadual Clarice Santiago dos Santos, no bairro do Arenoso, em Salvador, receberam nesta quinta-feira (10) o projeto 'Sobejo - Arte e Empoderamento - as vozes que ecoam na periferia', que abordou a violência de gênero para adolescentes a partir dos 16 anos.
Por meio de poesias, arte, peça teatral e literatura, a iniciativa alertou os jovens sobre como identificar, se proteger e denunciar os mais diversos tipos de violência de gênero, principalmente aqueles que têm o público feminino como vítimas. A idealizadora e diretora do projeto, Eddy Veríssimo, pontuou que essa temática tem se tornado, cada vez mais, assunto de urgência para ser discutido nos mais diversos ambientes da sociedade, inclusive no escolar.
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"Quando se traz um trabalho desse para dentro de uma comunidade escolar, é de muita importância porque a gente acaba, também, fomentando o trabalho educacional com o que a escola já vem fazendo. A gente fica feliz quando ambiente escolar como esse abraçam o nosso projeto, para que essas vozes possam ecoar na luta contra a violência de gênero. E quando essas redes são construídas, a gente ganha força, a gente se torna multiplicador da arte e a gente acaba trazendo essa sensibilidade através das linguagens artísticas", disse Eddy.

No espetáculo Sobejo, os atores apresentam a história de Georgia Serrat, vítima de violência doméstica, que teve seus sonhos e dignidades feridos devido a essa situação. Contudo, ainda na peça, o espetáculo incentiva o público a denunciar e não se calar diante desse tipo de crime.
Em entrevista ao MASSA!, o professor de teatro Cassius Souza enalteceu o poder da arte para falar sobre um tema tão sensível. "A arte é uma linguagem, na verdade, várias linguagens e expressões que nós temos e que é potencializadora de discursos. Esses discursos são revestidos na sociedade de várias camadas, de várias formas. Com o espetáculo Sobejo, a arte potencializa por meio do teatro essa bandeira, esse discurso pelo fim da violência contra a mulher. Infelizmente as cenas de violência já fazem parte do cotidiano de muitas famílias aqui da comunidade escolar, mas estamos usando a arte para ajudá-las a ter compreensão sobre essa realidade", declarou.

A ação também conta com a participação de palestrantes que atuam no campo do combate à violência doméstica e feminicídio. No Brasil, as mulheres negras e periféricas são as mais atingidas por esse tipo de crime. "Essa é uma ação que se junta a tantas outras de formação, de perspectiva positiva na vida desses jovens. Poder ter narrativas que façam diferença, que falem positivamente, falem de forma formativa mesmo. E, nesse sentido, é um trabalho que ajuda a identificar e agir diante da violência, das diversas formas de violência contra a mulher", disse Ana Manoela, coordenadora do colégio.