
Amamentar não é apenas alimentar uma criança, mas sim desenvolver um laço com ela. Visando incentivar e fortalecer essa prática, Salvador recebeu na tarde desse domingo (3), a XIVª edição da ‘Hora do Mamaço’, um evento que reúne diversas mamães para um ato coletivo de amamentação. A ação aconteceu no piso L1 do Salvador Shopping e integrou parte da programação da Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM).
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Criada em 2012, a ‘Hora do Mamaço’ surgiu como uma forma de protesto depois que uma mãe foi proibida de amamentar em público em São Paulo. A coordenadora do evento, Tarsila Guerrieri, aponta que as pessoas ainda carregam muitas dúvidas relacionadas ao ato de amamentar. “A gente sempre amamentou, mas é recente essa questão dos cuidados, das investigação científico, da gente abordar os benefícios tanto para os bebês, quanto para as mães”, afirmou em entrevista ao MASSA!.
A ação foi responsável por abrir as portas da SMAM, que ocorre todos os anos na primeira semana de agosto. O tema deste ano é “Priorize a Amamentação: Crie Sistemas de Apoio e Sustentação”, que enfatiza a importância do trabalho coletivo no incentivo à amamentação. “Todo mundo precisa se educar e falar sobre a amamentação, desde a professora na escola com as crianças pequenas até no trabalho. Todo mundo precisa entender um pouco sobre a amamentação, não é só quem tem filho”, reforçou Tarsila.
Mãe de três filhos, Tarsila comenta que ainda existem muitos tabus contra as mães que amamentam seus filhos em público. A ‘Hora do Mamaço’ tem como um de seus objetivos a desconstrução desse tipo de preconceito. “A gente ainda tem muitos tabus a serem vencidos. Ainda vemos pessoas criticando mulheres que amamentam, mulheres que amamentam crianças maiores também se sentem constrangidas de amamentarem em público”, disse.

Frequentando o evento desde sua criação, Persia Carvalho, 37, ressalta a importância do projeto para as mães de primeira viagem. Mãe de uma criança de três anos, Persia conta que a ação foi responsável por mudar sua visão sobre o ato de amamentar. “Para mim, foi importante para entender que a amamentação vai muito além de suprir uma demanda física da criança”, pontuou.
Além de um momento para tirar dúvidas, a corrente de afeto entre as mães também serve como um ato de fortalecimento da própria autoestima. Enxergar outras mães com uma realidade parecida é essencial para a normalização da amamentação. “Quando eu via mães com filhos maiores, crianças crescidas mamando, e sem vergonha, isso me estimulou. Eu não era a única que tinha um filho maior e isso foi muito positivo para mim”, afirmou.
A ação chamava atenção daqueles que passavam pelo shopping, principalmente de outras mamães. A enfermeira Nara Fontes, 41, é mãe de um bebe de seis meses e participou da ‘Hora do Mamaço’ pela primeira vez. “Eu achei lindo. Hoje em dia é pouco incentivado, as pessoas têm muita pressa na vida diária, usam fórmulas, esquecem que o leite materno vai ajudar muito na imunidade da criança a longo prazo”, contou.
Nara relata que já conheceu muitas mães que substituem o leite materno por fórmulas industrializadas. Para ela, o principal motivo para isso é a pressa de algumas mamães. “Isso tudo por causa da pressa, até porque o dia a dia é corrido. Às vezes amamentar demanda tempo, demanda sacrifício, mas vale a pena”, detalhou.
A enfermeira também ressaltou o papel desse tipo de iniciativa para a desconstrução de alguns mitos relacionados à amamentação. Mesmo sendo da área de saúde, ela não escapou de um pensamento recorrente para as mães iniciantes. “Eu tenho um seio pequeno e achava que não ia ter leite o suficiente para amamentar ele. Isso é um mito, o tamanho do seio não determina a quantidade de leite, a criança vai ter a quantidade necessária para ela se alimentar naquele período”