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Feira de Santana - 25/10/2025, 06:30 - Kenna Martins*

Mais água: lideranças discutem avanço do Canal do Sertão

Projeto de integração hídrica pretende levar as águas do Rio São Francisco até o Rio Jacuípe

Reunião aconteceu em Feira de Santana
Reunião aconteceu em Feira de Santana |  Foto: Kenna Martins/Ag. A TARDE

Feira de Santana sediou, nesta sexta feira (24), a 28ª reunião do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu (CBHP), encontro que reuniu, no auditório da Secretaria Municipal de Educação, lideranças políticas e técnicas de diversas regiões do estado para discutir os rumos do Canal do Sertão, projeto de integração hídrica que pretende levar as águas do Rio São Francisco até o Rio Jacuípe, garantindo segurança hídrica e desenvolvimento econômico para o semiárido baiano.

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Entre os participantes estavam Wilson Mascarenhas, engenheiro civil, ex-prefeito de Várzea da Roça e membro titular do Comitê Gestor da Bacia do Rio Paraguaçu. Para Wilson, que também é fundador do grupo Canal do Sertão da Bahia, o evento representa um marco na mobilização política e técnica em torno da obra. “O encontro foi gestado pelo Comitê da Bacia do Rio Paraguaçu, mas contou com o apoio de diversas entidades, como a União dos Municípios da Bahia (UPB), a Prefeitura de Feira de Santana e prefeitos da região. O objetivo é discutir a delicada situação hídrica do Rio Jacuípe e reforçar o papel estratégico do Canal do Sertão, que pode garantir independência hídrica a cerca de 60 municípios”, explicou.

Durante o evento, o vereador de Feira de Santana, Jurandy Carvalho (PSDB), ressaltou a relevância do projeto do Canal do Sertão, que irá beneficiar diretamente mais de 1,2 milhão de baianos. Segundo o parlamentar, o empreendimento representa uma das mais importantes iniciativas estruturantes para o abastecimento e a agricultura no semiárido baiano. “O canal chega a Feira de Santana através do Rio Jacuípe, beneficiando áreas como o distrito de Jaguara, além de municípios como Tanquinho, Serra Preta e outros que enfrentam dificuldades no acesso à água. São mais de 400 mil hectares de terra extremamente produtiva que hoje não são aproveitados por falta de água. Com a chegada do canal, a região poderá produzir em larga escala, tanto na agricultura familiar quanto na pecuária”, avaliou.

Várias lideranças políticas estiveram no evento
Várias lideranças políticas estiveram no evento | Foto: Kenna Martins/Ag. A TARDE

Urgência e benefícios

O vice-presidente do Comitê de Bacias, Ismael Medeiros, ressaltou o papel técnico e estratégico dos comitês na gestão das águas. “Muitos prefeitos ainda não compreendem a importância dos comitês, que representam a sociedade civil e os usuários da água. O Paraguaçu, por exemplo, abastece a região metropolitana de Salvador e Feira de Santana graças a investimentos feitos no passado. Falar em canal e barragens é falar de futuro, de planejamento e de desenvolvimento”, concluiu.

Atualmente, o projeto possui 22 quilômetros construídos, correspondentes à primeira fase do sistema de irrigação do Salitre, e avança com novas licitações do governo federal. “O projeto está em andamento por meio da Codevasf e do consórcio Novo Engevix Técnico. O governo federal licitou mais 10 quilômetros e nosso sonho é que sejam executados 20 nesta etapa. A partir do ponto chamado RC800, a água poderá seguir por gravidade até a barragem de São José do Jacuípe, sem custo energético”, detalhou Mascarenhas.

A prefeita de Mundo Novo, Ana Paula Costa, destacou a urgência do canal diante da crise hídrica enfrentada por municípios da região. “Vivemos um momento crítico. Cerca de 40% da população de Mundo Novo não tem acesso à água tratada e dependemos de poços e carros-pipa. Essa obra representa esperança e sobrevivência. Água é vida, mas também é desenvolvimento — garante a agricultura, a pecuária e a sustentabilidade do município”, defendeu.

Ana Paula Costa, prefeita de Mundo Novo
Ana Paula Costa, prefeita de Mundo Novo | Foto: Kenna Martins/Ag. A TARDE

O prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho (União Brasil), durante discurso na abertura dos trabalhos, pontuou as dificuldades enfrentadas por comunidades em decorrência da escassez de água e enalteceu a importância do debate em busca de soluções para melhoria da qualidade de vida da população, bem como a gestão eficiente dos recursos hídricos o fortalecimento do interior da Bahia.

“É um imenso prazer receber representantes de tantos municípios em nossa cidade para debater um assunto de extrema relevância como Na minha infância morei em uma casa que não tinha água, em Paripiranga. Senti na própria pele o que é conviver com a falta de água. Por isso, estamos juntos, unidos forças para discutir esse projeto de extrema relevância, que irá garantir o abastecimento, impulsionar a agricultura e promover o desenvolvimento sustentável do interior do estado”, destacou.

Despolitizar o debate

Os participantes da reunião reforçaram a importância de despolitizar o debate, buscando a convergência de esforços entre diferentes correntes ideológicas. “No grupo Canal do Sertão, temos pessoas de todos os espectros políticos. O que defendemos é que a obra não seja ideologizada. No Ceará, a independência hídrica só foi possível porque houve união política. Precisamos seguir esse exemplo na Bahia”, destacou Mascarenhas.

Para o vereador Sandro, do município de Várzea da Roça (PCdoB), que acompanha o projeto desde 2021, a reunião reforça o compromisso coletivo com o andamento das obras. “Desde o início, temos buscado acompanhamento constante. Já realizamos encontros em diversas cidades, estivemos em Brasília e junto à Codevasf. Há avanços significativos, mesmo que ainda aquém do ideal. Essas reuniões são importantes para manter o projeto vivo e fortalecer a mobilização política”, afirmou.

O engenheiro Wilson Mascarenhas destacou que o maior entrave para a conclusão do empreendimento é o financiamento. “Estamos falando em algo em torno de R$ 6 a R$ 7 bilhões. Mas é um investimento com relação custo-benefício altamente favorável. Se houver união da classe política, dos prefeitos, deputados, senadores e do governo estadual, conseguiremos reduzir o prazo de conclusão de dez para cinco anos”, afirmou.

Prefeitos participaram do evento
Prefeitos participaram do evento | Foto: Kenna Martins/Ag. A TARDE

Para a prefeita Ana Paula Costa , a concretização do projeto depende da superação de divisões partidárias. “Quando o assunto é o bem comum, é hora de esquecer partidos e pensar no povo. Se os prefeitos se unirem, conseguiremos viabilizar esse sonho com mais rapidez”, reforçou Ana Paula.

O vereador feirense ressaltou que o governo federal já iniciou os investimentos para os primeiros 10 quilômetros da obra, mas reforçou a necessidade de acelerar a execução. “É um projeto de 300 quilômetros. Precisamos colocá-lo na pauta principal do governo federal, do governo estadual e dos municípios. A previsão é de dez anos, mas queremos que se concretize em cinco, com pressão política e mobilização da sociedade”, pontuou.

*Kenna Martins é correspondente do Grupo A Tarde em Feira de Santana

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