
Integrantes da Bamor picharam um terreiro de Candomblé na Avenida Vasco da Gama minutos antes do clássico contra o Vitória, na Arena Fonte Nova neste domingo (18), pela nona rodada do Brasileirão. Flagrados por um homem que começou a brigar com os integrantes da organizada, os pichadores fugiram pelo outro lado da rua, indo no sentido da Fonte.
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O terreiro em questão foi a Casa de Oxumarê - Ilê Oxumarê Araka Axê Ogodô, fundada há dois séculos e tombada como patrimônio histórico pelo IPHAN. Em resposta ao ato de depredação, a Casa de pronunciou, publicando uma nota de repúdio em suas redes sociais.
“Este ato de depredação, cometido sob o signo da intolerância e do desrespeito, é um crime previsto na Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), Art. 65, que criminaliza a pichação ou qualquer forma de destruição de bens tombados. Mais do que um crime ambiental, trata-se de um atentado contra a liberdade religiosa, garantida pela Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º, inciso VI”, escreveu a casa.
“Atos como este não se restringem ao concreto das paredes, eles ecoam no tecido social, perpetuam preconceitos e fortalecem as estruturas de racismo religioso que tanto lutamos para combater. Não é apenas uma pichação. Contribuem com as recorrentes tentativas de apagar símbolos da cultura negra, é a expressão de uma intolerância que se esconde em camadas de violência simbólica e física”, completou.
Na carta, a Casa de Oxumarê pediu por uma retratação pública da Bamor em relação ao ocorrido, junto a medidas de conscientização dos membros sobre o valor dos patrimônios afro-brasileiros e o respeito às religiões de matriz africana. “Não se trata apenas de reparar um erro, mas de reafirmar o compromisso com os princípios éticos e com o respeito mútuo, bases essenciais para a convivência em sociedade”, finalizou.