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Alternativas pro sonzão! - 14/11/2025, 18:00 - Dara Medeiros - Atualizado em 14/11/2025, 19:25

Galera que curte paredão sugere opções de lazer após operações da PM

Operação Paredão tem apreendido aparelhos de som e veículos em Salvador

Frequentadores especulam opções de lazer após operação da PM contra festas paredão

As festas paredão fazem parte da cultura popular de Salvador e se tornaram uma febre entre a população jovem, especialmente por serem uma opção de lazer gratuita. Porém, se por um lado esse tipo de evento conquistou a galera, por outro trouxe inúmeros transtornos para quem não curte participar e é obrigado a escutar as músicas nas alturas quase todo fim de semana, inclusive de madrugada.

O incômodo dos moradores dos bairros onde rolam os paredões impulsionaram diversas denúncias à Polícia Militar por perturbação de sossego. Nas últimas semanas, uma grande iniciativa foi montada pelas autoridades para barrar as festinhas e apreender os equipamentos irregulares de som. Essa ação gerou uma preocupação entre os frequentadores mais assíduos: o que fazer para aproveitar o fim de semana sem os paredões?

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Morador do bairro de Periperi, Henrique Vitório, de 20 anos, costuma ir para festas paredão na região do Subúrbio Ferroviário. Para ele, esses eventos são uma forma de entretenimento e, mesmo que sejam proibidos, tentaria fazer algo na própria casa para continuar se divertindo dentro da lei.

"Eu curto o paredão porque eu acho legal, é um local onde a gente vai dançar, a gente vai se divertir, descontrair. Eu acho bom, por isso que eu vou... Se o paredão acabar, eu vou ter que fazer o paredão na porta da minha casa ou dentro da minha casa, que aí não tem como acabar", disse o jovem em entrevista ao MASSA!.

Henrique Vitório admitiu que o som alto traz desconfortos para os outros moradores, mas acredita que esse ranço tenha surgido devido a diferença de gerações. "A gente curte, claro, mas a gente entende que realmente é algo que é prejudicial aos vizinhos e às pessoas que não estão curtindo, até porque tem pessoas de idade, pessoas que realmente não curtem, já não é mais dessa época, e acham realmente desnecessário, até mesmo quando eu não estou curtindo, eu não acho tão legal não", comentou.

Ao ser questionado sobre o que ele tem feito para curtir além das festas, ele deu o papo: "Eu não vivo em paredão todo final de semana não, tenho muitas outras formas de curtir e acredito que as pessoas também deveriam procurar as outras formas também de curtir. Se é algo que não tá agradando ao próximo, a gente devia ter um pouco mais de respeito".

Paredões fazem a alegrias de um e o estresse de outros

Leidejara Almeida é do Engenho Velho de Brotas e gosta muito de música. Na ausência de paredão, se contenta em passar por barracas de rua para desestressar após um dia de trabalho. "Eu vou mais pra praia ou então pra partido no Acesso Norte, se você for lá, você vai achar toda sexta-feira eu estou lá ou então eu estou aqui embaixo no isopor, na Lapa, toda sexta-feira também", contou.

Ela não é a favor do fim dos paredões. "É a oportunidade que a gente tem pra curtir. Antes, a gente ficava esperando um ano, um mês e dias pra o Carnaval, e o Carnaval demora, viu? Que é uma festa popular que a gente também gosta, e o que sobra é o paredão", argumentou.

Maternidade muda a programação de mulheres que curtiam nas ruas

Antes mesmo das operações policiais, uma parte do povo que adorava curtir nas ruas da cidade se recolheu dos paredões e tem optado por frequentar bares, praias ou organizar pequenos eventos na própria casa. Entre os principais motivos para esse comportamento está a formação de família.

Adriana Evangelista da Silva é do Largo do Tanque e mudou radicalmente o estilo de vida nos últimos anos. "Eu curtia, agora eu não curto mais, não. Com todas as coisas que estão acontecendo é melhor curtir em casa do que ver outras coisas na rua. Do jeito que o mundo está, não dá pra curtir na rua, né? Tem que curtir em casa", explicou.

Mãe de dois meninos, ela tem priorizado ir para espaços que possam ser seguros para os pequenos: "De vez em quando que eu vou pra um barzinho, tomo uma cervejinha e boto meus filhos ali para brincar num lugar que seja tranquilo, mas não curto mais paredão não, graças a Deus".

Quem também compartilha do mesmo pensamento é Ana Paula Bastos, moradora de Sete de Abril. "Já curti muito, hoje em dia não me permito mais pelas coisas, né? Eu mesma virei mãe de família, então não me permite mais eu estar no local, mas quem gosta, vai. Eu não posso mais", declarou ela.

Ana Paula é mãe de uma garotinha e procurou outras formas de lazer. Ela acredita que paredão não combina com pessoas mais velhas. "Rapaz, eu curto em casa, vou pra praia com minha filha, vou no shopping. Entendeu? Porque vocês sabem, paredão é pro jovem, o meu tempo já passou", disse.

Violência também espanta frequentadores

As festas do tipo paredão também começaram a perder público por medo da violência. Com as guerras de facção em diversas áreas da capital da Bahia, muita gente não gosta de ir para bairros desconhecidos e também teme brigas de criminosos ou até conflitos de bandidos contra policiais que estejam trabalhando na localidade do evento.

Adailton, que é vendedor ambulante e produz conteúdos para as redes sociais com o apelido de 'Negueba', mora na região da Avenida Carlos Gomes e é completamente apaixonado por paredão.

"Paredão é o mundo, velho. Se não existir paredão, não é a Bahia! Não é de boca não, eu viajo. Ó pra aí, que sonzinho massa! Dá até alegria para arrumar banca. Anima mesmo a pessoa", disparou.

Apesar desse amor pela cultura popular, ele diminuiu a frequência nas festas por medo da violência: "Fora do trabalho, eu não vou mentir não, eu curto mais em casa com a família. Ligo o meu som, meu paredão e o pau quebra, porque a rua está muito violenta para a pessoa ir para os bairros e curtir paredão, entendeu? Eu prefiro pegar meu som e botar em casa mesmo, chamar a família, os colegas e ativar o meu paredão daquele jeito".

Operação Paredão

Batizada de Operação Paredão, a iniciativa da Polícia Militar da Bahia (PMBA) e de órgãos parceiros surgiu com o objetivo de combater a poluição sonora e garantir o sossego da população de Salvador.

As ações começaram em outubro deste ano, em diversos pontos da capital baiana, como nos bairros de Sussuarana Nova, Mata Escura, Novo Horizonte, Cajazeiras VIII, Águas Claras, Boca do Rio e Alto de Coutos. As guarnições também passaram pela cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Os registros do Integrado de Comunicações (Cicom) e os acionamentos a partir do Disque-Denúncia (telefone 181) foram fundamentais para que a operação ocorresse com sucesso. "Em Salvador, há três Comandos de Policiamento Regional: Atlântico, Central e Baía de Todos os Santos. Há equipes que atuam em cada um desses setores e atendem às demandas oriundas do Cicom e do Disque-Denúncia, sendo as equipes direcionadas para realizar a intervenção", detalharam ao MASSA!.

Desde então, os agentes apreenderam diversos equipamentos de som com potência acima do que é permitido pela lei e veículos que não cumprem as normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). A resposta dos moradores tem sido positiva e a previsão é que a operação continue a acontecer nos próximos meses.

"Em relação à continuidade das ações desencadeadas pela Operação Paredão, a PMBA destaca que o retorno da população tem sido muito positivo. Assim, a Corporação continuará a atuar para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos moradores da capital e da RMS", informaram.

Em nota divulgada à imprensa, a PMBA reforçou que está à disposição dos moradores que se sentem incomodados com as festas paredão: "O cidadão pode continuar apresentando as denúncias pelo 190, se a situação estiver ocorrendo, e pelo 181 se for um evento clandestino que o cidadão tome conhecimento antecipadamente, por exemplo".

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