Após a influenciadora Nicolly Martins detonar a Bahia, dizendo que o atendimento ao público, em Salvador, é péssimo, e que odiou a estadia em solo baiano, criou-se um clima de revolta nas redes sociais, com várias pessoas acusando a paulistana de cometer xenofobia.
Mas, será que Nicolly tem razão? Estabelecimentos da capital baiana deixam a desejar no quesito bom atendimento ao público? A resposta está na boca de quem serve e de quem é servido em um dos locais mais visitados da cidade: o Porto da Barra.
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Acostumado a visitar Salvador, o brasiliense Cleiton Batista afirmou que é bem tratado na cidade e que não concorda com o comentário feito pela influenciadora. "Eu discordo completamente. Acho que, aqui, o serviço é muito bom, as pessoas são muito educadas, eu me sinto muito acolhido", destacou.
Quem também não apoia as palavras de Nicolly é o paulista Luiz Fernando. "Eu não concordo. Acredito e reforço a máxima de que, por causa do Afropunk [evento realizado no fim de semana] tem uma lotação, e isso acaba prejudicando o serviço em qualquer lugar, não só aqui. Eu fui muito bem atendido, bem tratado em todos os lugares que eu frequentei. Faz 12 dias que estou aqui, por mais que esteja com uma super lotação, eu não fui mal atendido", cravou Luiz, destacando que já é a sua terceira vez em Salvador.
A também paulista Luanna Teófilo disse entender a opinião da conterrânea, mas que ela não concorda com o posicionamento da influenciadora. "Eu gosto bastante da Nicolly. Entendo o ponto de vista dela, porque em São Paulo as coisas são diferentes, mas é uma outra cidade, uma outra cultura e a gente vem pra viver essa experiência. Eu achei que foi desnecessário falar, eu entendo, mas foi desnecessário. Pra mim está tudo maravilhoso", garantiu.
Quem faz o corre acontecer
Se tem alguém se divertindo, com certeza tem alguém trabalhando para que a diversão do outro seja plena. Esse é o caso de Junior Barbosa, que há 10 anos trabalha em uma barraca no Porto da Barra. Para ele, a influenciadora se precipitou ao generalizar o atendimento da Bahia por causa de uma má experiência. "Ela generalizou. Nem todo mundo oferece um atendimento ruim. Ela deve ter tido uma experiência ruim e colocou como se todos os baianos atendessem mal. Eu acho que ela errou nesse caso", declarou.
Com mais de três décadas de experiência no trabalho ao público, o garçom de um famoso restaurante na Barra, Júlio Cesar, ressaltou que os turistas precisam ter mais paciência. "Está faltando humildade das pessoas para com os atendentes. Às vezes, elas acham que são as donas do mundo. Chegam por último e querem ser atendidas primeiro. Isso não cabe em lugar nenhum", afirmou.
"Nossa Bahia é a terra da magia, terra do relaxamento social. Se você vem de outro estado, vem pra Salvador, por favor, venha com paciência, tranquilo. Não brigue com seu garçom ou atendente", pediu Júlio.
Abrasel contesta
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Leandro Menezes, garante que, assim como acontece em todo Brasil, aqui na Bahia os profissionais do segmento passam por preparação.
"Em alguns casos as capacitações são mais estruturadas, outras mais simples, e em muitos casos, um treinamento prático nas empresas. Nosso segmento também se caracteriza pela capacidade de absorver a mão de obra do primeiro emprego. Isso é muito desafiador, e ao mesmo tempo muito importante, afinal, o jovem vai precisar passar por esse primeiro contato. Mas, como qualquer coisa que você faça pela primeira vez, é natural que se erre mais, e que isso afete um pouco o nível do serviço", explicou Leandro.
Engana-se quem pensa que quem trabalha na praia não passa por treinamento. De acordo com o presidente da Abrasel, eles também se preparam, mas destaca que o serviço oferecido na praia também é feito por ambulantes, que mesmo muito solícitos, nem sempre passam por capacitação.
"Os estabelecimentos estão no mesmo patamar que os demais, e os times de trabalho também passam por treinamento. Mas a experiência da praia passa também pelos ambulantes, que ofertam seus produtos e serviços da melhor forma possível, com alegria e simpatia, mas que muitas vezes não tiverem a oportunidade de se preparar".
Leandro revelou que acompanha as avaliações dadas pelos usuários dos serviços e afirma que o estado da Bahia não fica atrás de nenhum outro. "Podemos afirmar que nosso nível de atendimento está no mesmo patamar de todo país", garantiu o presidente, ressaltando que bares e restaurantes estão sempre em busca da evolução.
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