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Resistência - 25/07/2025, 06:00 - Silvânia Nascimento

Força e inspiração: Verônica luta pela valorização das mulheres negras

Moradora de Itapuã, educadora e sambadeira inspira outras mulheres

Verônica Mucúna, moradora de Itapuã
Verônica Mucúna, moradora de Itapuã |  Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

É no bairro de Itapuã, em Salvador, um das localidades mais ricos em cultura da capital baiana, que vive Verônica Mucúna, de 40 anos. Mulher, negra, mãe, cantora, educadora, sambadeira, idealizadora e coordenadora de projeto social, integrante do Grupo Ganhadeiras de Itapuã e, que, sobretudo, luta bravamente pela valorização das mulheres negras e pela preservação e reconhecimento da cultura popular local.

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Nesta quinta-feira, 25 de Julho, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o MASSA! traz, por meio desta matéria, parte da história de Verônica que tanto inspira outras mulheres e adolescentes negras. Na entrevista, ela abriu o coração e falou sobre sua relação com o bairro de Itapuã, com as Ganhadeiras, coletivo de mulheres que resgata a tradição das lavadeiras da Lagoa do Abaeté, em Salvador, Bahia, e muito mais.

“Moro em Itapuã desde os meus quatro anos. Itapuã é meu umbigo, minha raiz. Meus avós e meus pais são daqui, e eu faço parte dessa árvore. Eu digo que, se a minha raiz está aqui, eu sou esse caule, eu sou esses galhos, eu sou essas folhas. A minha relação com as Ganhadeiras começou há 21 anos, quando minha tia me convidou para dançar, porque era um grupo que se reunia para lembrar essas memórias e trazer essas músicas. E eu já gostava muito de dança. As Ganhadeiras de Itapuã representa as minhas antepassadas, a minha raiz, a minha corrente sanguínea e, ainda, do legado que nós carregamos que são dessas africanas do ganho, das ex-escravizadas do ganho, que sempre tiveram toda aquela força e resistência”, declarou.

Imagem ilustrativa da imagem Força e inspiração: Verônica luta pela valorização das mulheres negras
Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

Além de toda contribuição para manter o tradicional samba de roda vivo, Verônica também desenvolve uma o Projeto social ‘Levanta Povo’.

“Ele é do coletivo Nosso Quilombo, que surgiu em 2017, de uma ideia muito simples que é levar samba de roda para as ruas de Itapuã, porém, que se fortalece com pensamentos e com ideias de outras pessoas, principalmente ativistas. O projeto se tornou um coletivo para salvaguardar as memórias, salvaguardar a cultura popular e o território de Itapuã”, disse.

De preta para pretas! Para as garotas e mulheres negras que ainda se sentem insegura, Verônica deixou um conselho.

“Se apoderem, busquem o seu próprio poder, não recebam o poder dado pelos outros. Reconheçam suas raízes, conheçam quem veio antes, valorizem isso e entendam que, quem veio antes, fez de tudo pra que vocês estivessem aqui”, aconselhou.

Imagem ilustrativa da imagem Força e inspiração: Verônica luta pela valorização das mulheres negras
Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

Empoderada

Verônica ressaltou que o processo de empoderamento de mulheres negras precisa ser contínuo e diário. “Eu nunca fui de abaixar a minha cabeça, mas eu não nasci apoderada ou empoderada. Eu me tornei. Só que esse processo de empoderamento ou de apoderamento é constante. Eu sou uma mulher preta. Então, meu corpo já vem cravado de situações que são contrárias à minha essência. Foi um processo, está sendo um processo e continuará sendo um processo porque se a gente vacila, a gente cai de novo. Eu vivi rodeada de mulheres fortes, autônomas, porém, que conviviam com o processo de baixa autoestima. E, para que eu não vivesse nesse ciclo vicioso, eu tive que superar muitos processos”.

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