
Terra de nomes como Raul Seixas e Pitty, Salvador se tornou um grande símbolo do cenário do rock no Brasil. Celebrando mais um dia 13 de julho, considerado o Dia Mundial do Rock, a cidade se mostra como um local fértil para quem deseja curtir um bom solo de guitarra.
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Embora ainda enfrente desafios, a situação do rock melhorou bastante se comparado a como era há alguns anos. Diferente do que alguns pensam, o gênero segue mais vivo do que nunca. “Shows de rock eram muito raros. A gente não tinha casas específicas para poder tocar, não tinha pubs. A gente tocava onde pudesse tocar, alguém abria o espaço e a gente tocava”, disse Wilson Santana, baterista das bandas Centro Torto, Pelfudo Joleitrei e Pastel de Miolos.
Fundada em 1995, a Pastel de Miolos se tornou uma das principais referências do rock em Salvador. Wilson explica que a banda surgiu como um meio para os membros conseguirem expressar o que sentiam. “Foi pela necessidade de externar sentimentos, de colocar para fora o que a gente sentia e o que pensávamos, que não era muito diferente do que a gente pensa hoje também”, detalhou.
Defensor de que todo dia é dia de rock, Wilson garante que a banda não preparou nenhum tipo de celebração para o Dia do Rock. “Coincidentemente temos um show no dia 12 na Discodelia, no Rio Vermelho, mas não tem nenhum tipo de atribuição específica ou vinculação com o Dia do Rock”, pontuou.
O principal polo de fomento do rock em Salvador é o Rio Vermelho. Colecionando diversos pubs que dão espaço para bandas independentes, o bairro acaba sendo o principal destino para os roqueiros soteropolitanos. Um desses pubs é a Discodelia Pub & Records, que anteriormente era o Blá Blá Blá - Arte & Cultura.
Eldo Boss, atual dono do pub, define o local como um ambiente de preservação da cultura underground. “A gente viu a importância de permanecer com essa visão da casa sobre o underground, mas não voltado só para bandas, mas para a cultura underground no geral. Salvador é carente de cultura underground seja ela qual for. Estamos tentando manter essa chama de uma casa voltada para o alternativo”, afirmou.
A Discodelia se destaca como um ambiente propício para bandas que estão começando. Dessa forma, o local é uma boa oportunidade não apenas para quem quer curtir um som, mas também para aqueles que desejam investir na carreira musical. “Existem outras casas que abrem para bandas de rock, mas principalmente para bandas mais voltadas para o cover. Nada contra, mas não é a visão da Discodelia. A gente quer trazer o autoral, até mesmo porque a gente lança bandas”, pontuou Eldo.

Apesar de não ter preparado nada para o dia 13, Eldo garante que a programação para o mês de Julho está fervendo. “Tem a volta do Tangolo Mangos vindo da Europa, no outro final de semana tem Velho, que é um dos expoentes do metal extremo no Brasil, assim como Podridão, que também está voltando de uma turnê na Europa”, detalhou.
Os frequentadores do local chamam a atenção de quem passa. Além de um gênero musical, o rock também é conhecido como uma fonte de inspiração para a criação de looks. Roqueiro desde novo, João Pedro, 18, é um exemplo de alguém que teve seu visual influenciado pela música. “Principalmente a estética Punk-Rock, que me influenciou muito quando eu estava aprendendo a me vestir: looks bem Vivienne Westwood, bem Sex Pistols. Hoje em dia flerto com um pouco de tudo”, acrescentou.
Por muito tempo, roqueiros foram alvos de preconceito por aqueles que não curtem o gênero. Reconhecendo que quem curte rock sempre será alvo de olhares, João decidiu nadar contra a maré. “De certa forma, se a maneira que nos portamos, se a nossa estética, se as nossas paixões estão incomodando, sinto que estamos no caminho certo, não? Rock é pra isso. Rock é pra incomodar mesmo”, afirmou.
A paixão pela música foi algo transformador na vida do jovem. Para João, o rock foi um divisor de águas.“Comecei minha paixão pela música a partir dele, por meio dos riffs icônicos e sentimentos conflitantes que ele me despertou. Sempre estará lá, me fazendo permanecer inventivo e revolucionário em minha maneira de pensar a arte, a música e a cultura”, acrescentou.