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Na boleia do caminhão - 25/07/2025, 13:00 - Lucas Vieira

Dia do Motorista: os desafios dos caminhoneiros pelas estradas a fora

Profissionais contaram ao MASSA! como é viver na estrada

Caminhoneiros no CEASA falam sobre desafios no Dia do Motorista
Caminhoneiros no CEASA falam sobre desafios no Dia do Motorista |  Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

No bate-volta da vida real, quem segura o volante do Brasil são eles: os caminhoneiros. E foi no Ceasa, entre carradas de frutas e cheiro de feira, que o Portal MASSA! encontrou histórias de quem move o país com suor e coragem. Aproveitando o 25 de julho, Dia do Motorista, os guerreiros do asfalto desabafaram sobre rotina puxada, medo, saudade de casa.

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Everaldo Silva, caminhoneiro há mais de 20 anos conta um pouco sobro sua relação com o ofício. "É uma profissão muito desafiadora, mas também muito prazerosa. A gente lida com os perigos da estrada, com o trânsito pesado e com os assaltos. Mas quando a gente chega no destino e vê que entregou a carga direitinho, é uma sensação de dever cumprido".

Os relatos são duros e, muitas vezes, assustadores. Alexrenan Araquam, que comanda a boleia há 18 anos, já viu de tudo um pouco nas estradas da vida.

"Já fui assaltado umas cinco vezes. Levaram relógio, telefone, dinheiro. Uma vez atiraram dentro da cabine. E teve outra que atiraram no caminhão até ele perder força. O perigo é real. A gente vai ficando mais velho, vai vendo o perigo mais de perto", contou.

Saudade no peito

O lado emocional também pesa. Muitos caminhoneiros vivem entre o ronco do motor e o silêncio da saudade. Eles citaram a distância da família como a parte mais dolorosa da profissão.

Aspas

É uma dor irreparável

Everaldo Silva, caminhoneiro

Everaldo, que é pai de três filhos aproveitou para desabafar sobre a saudade do seu lar. "Tenho uma menina que tá se formando, dois meninos, e já sou avô. Ver o sorriso deles quando chego em casa e buzino na porta... isso me move. Isso é o que me faz acordar quatro da manhã e pegar estrada".

Aspas

A saudade bate no peito, mas temos que fazer uma escolha difícil: ou o caminhão, ou a família.

Alexrenan Araquam, caminhoneiro

Já Alexrenan, casado, com cinco filhos e que trabalha com um deles confirma: "Não dá tempo de ver o crescimento dos meninos. O único dia que eu passo em casa é o sábado. E olhe lá".

Alexrenan Araquam, caminhoneiro
Alexrenan Araquam, caminhoneiro | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Bonde dos companheiros

Muito se fala sobre a “irmandade” entre os caminhoneiros. Mas, nas entrevistas, as opiniões foram divididas. Everaldo relatou uma tentativa de assalto que só não terminou mal por causa da ajuda de um colega de estrada. "É um elo imbatível entre a gente. A união dos caminhoneiros salva vidas".

Mas Renê Silva, que trabalha na área há cinco anos discorda: "Quem falou isso mentiu. Os caminhoneiros são a raça mais desunida que existe. Se fossem unidos, mudavam o Brasil. Se parassem todos de uma vez, ninguém andava."

Renê também trouxe outra crítica comum entre os entrevistados: a fiscalização exagerada.

"Hoje o caminhoneiro tem mais medo da PRF do que de ladrão. É perseguição demais. Tudo está errado. Não pode peso, não pode um enfeite, não pode correr. Não pode nada. Trabalhar tá cada vez mais difícil", reclamou.

Renê dos Santos, caminhoneiro
Renê dos Santos, caminhoneiro | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Estrutura

Outro ponto em comum entre os relatos foi a falta de estrutura para descansar. Postos sem segurança, sem local pra dormir e com alimentação cara ou precária.

"Se tivesse um posto com dormitório seguro, uma boa recepção, alimentação decente... isso mudava tudo. A carga chegava com mais segurança e a gente viajava com mais prazer", disse Everaldo.

Quem está no Ceasa sabe: sem caminhoneiro, o país para. "Eles são tudo. Trazem a carga pra gente vender. Sem eles, não chega nada aqui", resume Thiago do Nascimento, que trabalha como vendedor há mais de 20 anos.

Tiago dos Santos Nascimento, comerciante
Tiago dos Santos Nascimento, comerciante | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

E depois?

Entre o medo da estrada e o cansaço de rodar de madrugada, um ponto ainda pesa no volante dos caminhoneiros: a incerteza sobre a aposentadoria. A maior parte dos entrevistados é autônoma, sem vínculo com empresas, e mesmo os que pagam o INSS reclamam da falta de respaldo quando mais precisam.

"Já trabalhei com carteira assinada, hoje sou autônomo. Pago o INSS, mas, se a gente se acidenta, o suporte é fraco. A maioria das vezes a gente tem que pedir dinheiro emprestado pra se virar. A verdade é essa", disse Everaldo, que hoje atua como freelancer.

Everaldo Silva, caminhoneiro
Everaldo Silva, caminhoneiro | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Alexrenan foi ainda mais direto: "Não contribuo com o INSS, não. Se eu sofrer um acidente, não tenho nenhum apoio. Fico em casa sem ganhar nada. INSS? Nunca vi benefício".

O problema não é novo, mas muita gente nem tá ligada que pode ter direitos especiais junto à Previdência. Os motoristas, rodoviários e caminhoneiros que atuam sob condições insalubres, tipo ruído intenso, e contato com substâncias químicas, podem ter direito à aposentadoria especial. Quem comprova ao menos 25 anos de trabalho sob essas condições pode se aposentar mais cedo.

Por isso, o recado do Dr. Eddie Parish, especialista em causas contra o INSS, afirma que é essencial guardar documentos, comprovar a rotina de trabalho e buscar orientação especializada para garantir uma aposentadoria justa, especialmente diante de tantos riscos enfrentados no dia a dia.

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