
O Dia de Finados, celebrado neste domingo (2), é uma data em que muitas pessoas aproveitam para lembrar, de uma forma mais especial, dos que já se foram. No entanto, cada religião lida com a morte e o luto de uma forma diferente.
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A maioria das pessoas costuma ir aos cemitérios para deixar flores, acender velas e rezar pelas almas daqueles que já partiram. O PortalMASSA! conversou com representantes de três religiões — espiritismo, candomblé e catolicismo — para entender como cada uma delas enxerga essa data tão simbólica e quais são os ritos mais adequados para o período.
Espiritismo
Primeiro, a visão de Daniel Carvalho, de 61 anos, dos quais 30 são dedicados ao espiritismo. Segundo ele, o fato de ir ao cemitério é algo muito pessoal, mas alerta para alguns riscos.
O importante não é o lugar físico, e sim a intenção do coração. A prece sincera pode ser feita em qualquer lugar — em casa, em um templo, num momento de silêncio. No entanto, para quem sente conforto em visitar o túmulo, não há problema algum; pode ser um gesto de amor e respeito, desde que não se transforme em sofrimento ou apego excessivo à matéria
Espírita Daniel Carvalho
Daniel também lembrou que, para o espiritismo, a morte não é tratada como algo ruim, mas como uma passagem para uma nova existência.
“O Espiritismo entende que a vida não termina com a morte física. O espírito continua sua jornada em outro plano. Então, essa data é vista como uma oportunidade de orar pelos entes queridos, enviar boas vibrações e lembrar deles com carinho, sem se apegar à dor da perda”, destacou o kardecista.
Mãe de santo pede cuidado
A mãe de santo Ya Nea reforça que cada terreiro segue sua própria tradição no Dia de Finados. Ela explica que, nesta época do ano, muitas almas estão desprendidas, e por isso é um período que pede cuidado espiritual.
“No Dia de Finados, tem certas casas que dão comida a Baba Egum, dão comida a sambalé, fazem esses rituais. Certas casas, na minha não. Na minha, só vai na casa de Egum, acende vela. Nós rezamos pelos espíritos na minha casa de Candomblé, porque na minha casa nós não cultuamos os eguns. Nós agradamos os eguns, os espíritos que já foram. E a orientação que nós damos para os filhos de santo no dia é vestir branco, botar uma conta, principalmente de Xangô, para afastar os Eguns”, disse a mãe de santo.

Ya Nea também explicou para onde o candomblé acredita que as almas vão após a morte. “Nós dizemos que a passagem dos nossos espíritos é pra ir pra Orum. Orum significa o plano que nós vamos depois que falecemos”, completou.
Ir ao cemitério é um ato necessário?
O Dia de Finados é especialmente ligado à igreja católica, e muitos fiéis aproveitam a data para participar de missas, fazer promessas e evitar o consumo de carne e bebida alcoólica.
O Portal MASSA! conversou com o padre Valson Sandes sobre uma passagem da Bíblia em que Jesus diz: “Deixem que os mortos cuidem dos mortos”. O sacerdote explicou que a frase não é uma condenação ao sepultamento, mas sim uma reflexão sobre as prioridades espirituais.
O chamado de Deus e o Reino dos Céus superam todos os laços e deveres terrenos, inclusive os rituais funerários imediatos. Os ‘mortos’ são aqueles espiritualmente mortos, focados apenas nas coisas terrenas. O Dia de Finados foca nas almas que já partiram fisicamente, mas que podem estar em processo de purificação (Purgatório). A oração pelos mortos é um ato de vida espiritual ativa que ajuda a alma a alcançar a vida eterna. Portanto, a frase de Jesus enfatiza a urgência da missão presente, enquanto o Dia de Finados é um ato de caridade e fé na vida futura
Padre Valson Sandes
O padre também detalhou os ritos mais comuns entre os católicos durante o Dia dos Finados e reforçou a importância da oração pelos que já se foram.
“A Igreja oferece orações, esmolas e, principalmente, o Sacrifício Eucarístico (a Missa) para ajudar as almas que ainda se purificam no Purgatório a alcançarem a plenitude da glória celestial. A proposta central é a oração e a Missa pelos fiéis defuntos. A celebração Eucarística é o maior ato de caridade que podemos oferecer aos que partiram, especialmente aqueles que mais necessitam de purificação. Também é comum visitar túmulos, rezar o terço dos fiéis defuntos no cemitério e pedir a Deus que conceda o descanso eterno aos nossos entes queridos”, destacou.

A importância da prece
Para Pablo Carvalho, católico assíduo, o ato de rezar pelos que já se foram é essencial para que as almas alcancem o tão desejado Paraíso.
“Rezar pelos que já se foram é um gesto de amor. Tenho fé de que nossas orações chegam até eles e ajudam as almas que ainda estão sendo purificadas. É bonito pensar que o amor continua mesmo depois da vida”, disse.

*Sob supervisão do editor Jacson Brasil
