
Nem a chuva foi capaz de apagar a chama por justiça dos baianos. Mesmo embaixo de um toró, corredores da capital baiana se reuniram na manhã de hoje para protestar contra o atropelamento do atleta Emerson Pinheiro. Enquanto praticava atividade física na Pituba, Emerson foi atropelado pelo empresário Cleydson Cardoso, que demonstrava sinais de embriaguez. O atleta ficou em estado grave e precisou ter uma das pernas amputada.
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O protesto aconteceu em frente ao Farol da Barra e, após o ato de apoio, o grupo se moveu para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Pituba para cobrar por justiça. “O cara gostava de correr e praticar esporte, quando acordar e perceber que perdeu uma perna, como vai estar o psicológico dessa pessoa? A nossa maior preocupação é essa”, afirmou Junior Cavalcante, 41, organizador do protesto, em entrevista ao MASSA!.

Revolta com posicionamento familiar do agressor
Um dos principais motivos para a revolta do grupo foi o posicionamento da mãe de Cleydson. O empresário é filho de Débora Santana, que é vereadora de Salvador pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT).
“Foi uma revolta muito grande, principalmente pelo comunicado que foi feito pela mãe dele. Em vez dela prestar uma solicitação de apoio e incentivo, ela foi falar que o filho dela tinha doença mental”, explicou.
Segurança para corredores em Salvador
Corredor há cinco anos, Junior argumenta que Salvador não investe na segurança de quem pratica o esporte. O atleta cobrou políticas que inibam que esse tipo de incidente ocorra novamente. “Todo mundo sabe quais são os pontos que tem aglomeração de festas e eventos em que a galera gosta de beber. Se colocar umas blitzes nesses pontos, vai coibir mais essa turma que gosta de beber e pegar o volante”, acrescentou.
A insegurança é uma questão cada vez mais preocupante para quem deseja correr na capital baiana. Casos envolvendo atropelamentos se tornaram recorrentes para quem faz parte dessa comunidade. “Eu já fui atropelada por uma bike. Quem prestou socorro foram as próprias pessoas que estavam correndo, me socorreram, me levaram para farmácia e depois para casa. Enfim, eu sei o que é viver isso”, disse Cristiane Galvão, 51, que corre há mais de dois anos.
Impacto emocional nos corredores
Cristiane recebeu a notícia do atropelamento de Emerson enquanto estava correndo. Abalada pelo acontecido, a baiana reflete que esse caso poderia ter acontecido com qualquer um do grupo. “É um companheiro de corrida, conhecido de todos. Ele estava no passeio, na área dele, fazendo atividade física para o bem estar, se preparando para a maratona Salvador. Eu me ponho no lugar dele, no da família dele”, afirmou.
Após o caso com Emerson, a sensação que fica é de descaso. Mesmo correndo poucas vezes durante a semana, Cristiane garante que ainda continua com medo. “É totalmente um descaso, tanto para nós corredores, quanto para a população de uma maneira geral. Os dias que a gente sai de casa, dois dias na semana para fazer atividade física, a gente fica tenso”, acrescentou.
Apesar da tragédia, existem pessoas que não se deixam abater pela tristeza. Mesmo chocado com o ocorrido, Wendel Diego, 24, garante que não abre mão das corridas. “A corrida já é uma paixão para mim. Eu vou continuar seguindo firme na corrida, sempre buscando o melhor desempenho”, pontuou.
Considerado como um corredor “novato”, Wendel pratica o esporte há um ano e meio. Ele encontrou nesse meio uma forma de manter seu corpo saudável e fortalecido. “Eu estava com 121 kg, estava sedentário e sem fazer nada, então eu encontrei na corrida um jeito para emagrecer, ter um fortalecimento do meu corpo, mais saúde”, explicou.
Proposta para maior segurança
O baiano aponta que, para solucionar o problema da segurança dos atletas, uma das medidas necessárias é a criação de um espaço dedicado apenas a quem corre. “O que falta para nós é uma via só para corredores, para a gente ter nosso espaço para correr. Isso é uma política de segurança. Salvador ainda peca no auxílio aos corredores, tem muito a melhorar”, defendeu.