Se você faz parte da comunidade LGBTI+ e se interessa por leitura ou escrita, a partir do dia 26 de abril terá uma nova oportunidade de se conectar com a literatura e com outras pessoas que compartilham da mesma vivência.
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O Museu de Arte da Bahia (MAB), em Salvador, passará a sediar os encontros mensais e gratuitos do Clube de Leitura: Literatura LGBT+ Independente da Bahia. A iniciativa faz parte do Projeto de Extensão “Leitura de narrativas sobre as (homo)sexualidades no Brasil”, coordenado pelo professor e pesquisador Nilton Milanez, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Os encontros acontecerão sempre aos sábados, das 10h30 às 13h, no segundo andar do MAB. Na estreia, o público terá acesso a leituras de trechos literários, exposições, trocas e venda de livros independentes. Também será apresentado o tema do e-book colaborativo que será desenvolvido ao longo do ano: “Infância Queer”. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo perfil do idealizador no Instagram: @escritorlgbt.niltonmilanez.
Segundo Milanez, o clube surgiu da necessidade de criar um espaço físico de troca e fortalecimento da literatura produzida por autores LGBTI+ baianos ou residentes na Bahia. “Sempre realizamos as atividades de forma online, mas entendi que era hora de sairmos da tela e ocuparmos espaços culturais da cidade. O projeto tem como essência reunir pessoas autoras e leitoras que queiram discutir, compartilhar e produzir literatura com essa temática”, afirma.
Além de incentivar a escrita e a leitura, o projeto busca ampliar a presença da literatura LGBTI+ em feiras literárias e outros espaços culturais da cidade. “A literatura é uma forma de intervenção social e política, e precisamos dizer quem somos e o que estamos escrevendo”, destaca o professor.
Milanez também ressalta o aspecto acolhedor da proposta. “A gente lida com rejeição familiar, com imposições normativas. E isso afeta diretamente a saúde mental. O clube oferece um espaço de acolhimento, pertencimento e liberdade para que as pessoas LGBTI+ possam se expressar, compartilhar suas dores e alegrias, e transformar vivências em palavras”, relata.
O espaço é aberto a todos: autores iniciantes, leitores, aliados e curiosos. Não é necessário ser estudante da UNEB ou ter experiência prévia com escrita. “A única exigência é ter o desejo de ler, escrever ou simplesmente ouvir. O mais importante é o vínculo com esse modo de vida, com essa identidade que a gente compartilha e quer afirmar”, conclui.
A valorização da literatura local e da produção independente também dialoga com os hábitos de leitura da população baiana. Segundo a pesquisa mais recente do Instituto Pró-Livro, divulgada em 2024, 42% dos baianos leram ao menos parte de um livro nos três meses anteriores à pesquisa. A Bahia ocupa o terceiro lugar no ranking de estados com maior proporção de leitores no Nordeste, atrás apenas do Ceará (47%) e Pernambuco (46%). Esses dados reforçam o potencial do clube de leitura como uma ação estratégica para estimular ainda mais o interesse pela leitura e ampliar o alcance da literatura LGBTI+ no estado.
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