Localizado no “começo” (ou no “fim”) de Salvador, bem perto da divisa com Lauro de Freitas, Mussurunga é daqueles bairros que acolhem com a tranquilidade de cidade do interior, mas com a cara de uma capital brasileira.
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Fundado em 1978, às margens da movimentada Avenida Luís Viana Filho, a Paralela, o bairro nasceu como um conjunto habitacional popular, em terras que pertenciam à antiga Fazenda Mussurunga. Dividido em setores de A a L, suas ruas levam o nome de “caminhos”, e não é só no nome: Mussurunga é mesmo feita de caminhos.
De quem chegou do interior, de outros bairros, de outras vidas. O bairro é vizinho do Aeroporto Internacional de Salvador, casa da Estação Mussurunga, uma das maiores de transbordo da cidade, e, desde a implantação do metrô, ficou a apenas um trem de estar pertinho do centro da cidade.
Morar em Mussurunga é ter esse cotidiano bem conectado, e quem vive por lá defende o bairro com entusiasmo. A moradora Miralva Nascimento, de 56 anos, vive no setor F há mais de três décadas. “Saí de Pernambués e vim morar aqui, e hoje não me vejo morando em outro lugar. Amo Mussurunga, é um lugar excelente. Conheço todos os setores, do A ao L”, contou.
“Sempre foi um lugar muito bom de se viver, faço questão de defender quando falam mal”, brincou Miralva, que destaca as escolas, tanto públicas quanto particulares, e a praticidade da estação de metrô como fatores que mudaram a vida na região. “O metrô aqui na porta de casa é uma maravilha. Mussurunga já foi longe de tudo, e hoje isso não é mais uma realidade. Temos muitas praças, ótimas para as crianças, quadras para quem gosta de esporte e o Parque de Exposições aqui pertinho”.
Ou seja, para quem gosta de uma boa festa, a localização é estratégica: do outro lado da avenida, está o Parque de Exposições Agropecuárias, onde acontecem grandes eventos de Salvador.
Os números do último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são a prova de como o bairro cresceu: são 30.874 moradores distribuídos em 14.291 domicílios particulares. O Censo 2022 aponta que Mussurunga tem a 14ª maior população entre os 170 bairros de Salvador para os quais a pesquisa traz informações. Tá estourado!
O morador Alex Paixão, que viu o bairro crescer, fala com carinho de cada transformação que acompanhou ao longo dos 45 anos que viveu na região. “Sou praticamente nascido e criado aqui. Quando o bairro de Mussurunga começou, não tinha quase nada. O transporte era muito difícil, o comércio quase inexistente, e muita coisa a gente precisava ir buscar fora daqui. Hoje é diferente. Tem bares, a rótula da feirinha com frutas e verduras fresquinhas, escolas... E a estação Mussurunga, que nos conecta ao centro da cidade com rapidez e eficiência”, pontuou o morador.
Outro aspecto que Alex faz questão de destacar é a sensação de pertencimento que o bairro oferece. “Mussurunga tem esse perfil de interior, é um lugar muito tranquilo, familiar, próximo de locais importantes da cidade como o bairro de Itapuã, além de ser colado na Paralela. Atualmente é possível sim dizer que aqui é perto de tudo”, garantiu Alex.
Apesar dos muitos avanços, Alex também aponta o que ainda pode melhorar, especialmente pensando na capacidade e potencial de expansão da região. “Seria ótimo se tivéssemos uma UPA e uma companhia independente da polícia militar no bairro. Mussurunga é um bairro que está crescendo e vai receber mais moradores”.
Mesmo com desafios, o morador apaixonado resume bem o sentimento geral de viver entre os caminhos, números e letras da “ponta” da cidade: “Eu acho que Mussurunga é massa porque é um bairro de família, tranquilo, onde dá pra curtir as praças, os bares, passear com as crianças e resolver a vida sem sair daqui”, disse.
Mulheres que lutam no tatame
Além da infraestrutura, Mussurunga também é palco de iniciativas bem positivas. Um bom exemplo é o projeto realizado pela Federação Baiana de Jiu Jitsu e MMA (FBJJMMA), com aulas gratuitas de defesa pessoal voltadas para mulheres. Contemplado pelo edital Elas à Frente do Esporte, do Governo do Estado, o projeto acontece às terças e quintas, no Centro de Treinamento LG System, e já reúne 55 mulheres.
Segundo o coordenador Marcos Fahel, a proposta vai além do esporte: “A intenção é trazer a inclusão, mostrar que elas lutam na vida, no trabalho, em casa. O foco é fortalecer emocionalmente essas mulheres, além de ensinar técnicas de defesa pessoal”, destaca.
Para Rosenilda Bispo, moradora do setor G, a experiência tem sido ótima. “É muito bom aprender a se defender. Eu estava com sobrepeso, sentia muitas dores, e tudo isso melhorou. Fiquei muito feliz com essa oportunidade aqui no nosso bairro”, contou.
Tudo sobre o bairro em um só lugar
A pandemia trouxe muitos desafios — mas também despertou novas ideias. Foi nesse contexto, em meio ao isolamento social e à dificuldade de acesso a serviços essenciais, que nasceu a página Eu Amo Mussurunga, criada por Alex Paixão. O que começou como uma iniciativa simples, para conectar moradores ao comércio local, rapidamente se transformou numa importante ferramenta de valorização comunitária.
“Na pandemia, as pessoas ficaram trancadas em casa e não sabiam nem onde podiam comprar uma verdura ou chamar um entregador. A verdade é que, mesmo morando em Mussurunga, muita gente não conhecia o que existia nos outros setores”, lembra Alex.
A ideia dele foi simples e poderosa: criar uma página no Instagram que funcionasse como uma vitrine digital para o bairro.“Dividi os conteúdos como se fosse um catálogo telefônico”, explica. “A pessoa entra na página e encontra salões de beleza, mercadinhos, lanchonetes e diversos serviços espalhados pelos setores. Às vezes, o salão do seu setor está cheio, mas você já sabe onde tem outro, ali pertinho, disponível. Massa, né?
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