
O Dia Nacional do Orgulho Trans e Travesti, celebrado nesta quinta-feira (15), vai além da comemoração, é um ato de resistência, visibilidade e reivindicação por direitos. Para entender como essa data repercute na Bahia, o Portal MASSA! entrou em contato com o Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT (CPDD LGBT), que atua diretamente no acolhimento da população trans e no enfrentamento à violência no estado.
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Atualmente, a Bahia ainda não dispõe de dados oficiais específicos sobre sua população trans. A pesquisa mais próxima foi realizada pelo IBGE em 2019, que indicou que cerca de 204 mil pessoas baianas com 18 anos ou mais se autoidentificavam como homossexuais (gays e lésbicas) ou bissexuais, representando 1,8% da população adulta. No entanto, a pesquisa não incluiu pessoas trans, intersexo, assexuais, pansexuais e não-binárias.
Números da violência
Enquanto os dados demográficos são escassos, os números da violência contra pessoas trans continuam alarmantes. Segundo o Dossiê da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), em 2024 foram registrados 122 assassinatos de pessoas trans no Brasil. A Bahia aparece entre os estados com maior número de casos, com 8 mortes, mesmo número de Mato Grosso e Pernambuco. Um dado preocupante é que 68% dos assassinatos ocorreram fora das capitais.
O Atlas da Violência 2025 revela um aumento drástico nos casos de violência contra pessoas trans entre 2014 e 2023. A violência contra mulheres transexuais cresceu 1.110,99% (de 291 para 3.524 casos); contra homens trans, o aumento foi de 1.607,69%; e contra travestis, o número saltou 2.340,74% (de 27 para 659 registros). Esses dados são oriundos do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), mas não especificam se os casos têm motivação LGBTfóbica, já que a ficha de notificação não prevê essa categoria.
Entre os tipos de violência mais comuns enfrentados por pessoas trans estão a violência simbólica e verbal, psicológica, institucional, física, além da violência social e econômica. Essas agressões muitas vezes ocorrem em ambientes públicos, institucionais ou até familiares, contribuindo para a marginalização e a exclusão dessa população.
Acolhimento e proteção
Para enfrentar essa realidade, o CPDD LGBT atua como um espaço de acolhimento e defesa de direitos em Salvador, com atendimento voltado para pessoas LGBTQIAPN+ de todo o estado. O centro é uma iniciativa da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), em parceria com o GAPA Bahia.
O equipamento oferece atendimento multidisciplinar com foco em apoio sociojurídico, pedagógico, psicossocial e assistência social. Além disso, realiza encaminhamentos contínuos para serviços públicos de saúde, segurança, educação e empregabilidade, oferece apoio jurídico para retificação de nome e gênero, e atua no enfrentamento a situações de violência e violações de direitos.
O CPDD também promove capacitação profissional, inserção econômica e distribui alimentos e kits de higiene para pessoas LGBTQIAPN+ em situação de fome ou vulnerabilidade extrema, garantindo apoio integral à autonomia e dignidade dessas pessoas.
SERVIÇO
Nome: Casarão da Diversidade
Atendimento: Segunda a sexta-feira, das 09h às 17h, durante todo o ano
Endereço: Rua do Tijolo, nº 08, Pelourinho – Salvador