
Léo Kret, um dos nomes da luta da população trans no Brasil, é destaque neste 15 de maio, Dia Nacional do Orgulho de Ser Transexual e Travesti. Soteropolitana de 41 anos, ela entrou para a história em 2008 ao se tornar a primeira mulher trans eleita vereadora no país, em Salvador. Antes da política, já quebrava barreiras como dançarina da banda Saiddy Bamba, desafiando o domínio masculino cisgênero no cenário do pagode baiano.
Com uma trajetória marcada por pioneirismo, resistência e ativismo, Léo Kret, que atualmente ocupar a Diretoria Geral da Secretaria Municipal de Reparação (Semur) na Prefeitura de Salvador, afirmou com exclusividade ao Portal MASSA! que a data vai além da celebração.
É um grito de existência, resistência e dignidade. Eu, uma mulher trans, já sofri preconceito nos palcos, nas ruas, nas escolas e até dentro de casa. Essa data é uma forma de mostrar que estamos aqui lutado pelo nosso direito, que somos mulheres e homens trans potentes e que estamos aqui para contribuir pela Bahia e pelo Brasil
, afirmou Léo Kret
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Avanços na representatividade trans

Questionada sobre os avanços em representatividade, especialmente pelo fato de ter sido a primeira mulher trans eleita no país, Léo Kret reconhece os progressos, mas também a chama atenção para o longo caminho que ainda precisa ser percorrido.
“Tenho orgulho de ser uma das pioneiras. Na minha época era muito difícil, mas com muita luta e resistência conquistei o meu espaço. Acho que têm muitas mulheres trans conquistando seus espaços como artistas e principalmente na política, mas ainda temos muito o que conquistar. Políticas públicas quer dizer tudo, e, que na prática, poucos fazem. A política é a abertura de todo o processo [...] para mulheres trans, travestis e pessoas no estado de vulnerabilidade social extrema”, afirmou.
Pedido e denúncia
Ao falar sobre os maiores desafios enfrentados pela população trans no Brasil, Léo Kret citou que o básico ainda é negado e denunciou o preconceito institucional ainda presente no país.
Acesso à educação, ao mercado de trabalho e à saúde com dignidade ainda são os maiores desafios. Ainda hoje muitas pessoas são empurradas para marginalidade por não terem oportunidades básicas. O preconceito, muitas vezes institucional, ainda mata, seja por meio da violência direta ou do descaso. O que precisamos são políticas sérias, acolhimento real e que a sociedade enxergue a população trans com humanidade. Queremos viver com respeito e dignidade
, concluiu.
Mapa da violência contra pessoas trans
A expectativa de vida da população brasileira é, em média, de 76,4 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, entre pessoas trans, essa média cai drasticamente. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), a expectativa de vida dessa população é de apenas 35 anos. O dado foi divulgado no primeiro semestre de 2023.
Ainda segundo o “Dossiê: Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024: da Expectativa de Morte a um Olhar para a Presença Viva de Estudantes Trans na Educação Básica Brasileira”, o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo.
Esses assassinatos estão diretamente ligados a crimes de ódio, preconceito e à condição de vulnerabilidade social em que muitas dessas pessoas vivem.