Um dos mais famosos e tradicionais blocos de todo o Brasil, ''As Muquiranas'', havia anunciado na última segunda-feira (24), que uma decisão foi tomada para tentar combater os casos de agressão ou assédio/importunação sexual contra mulheres durante a passagem do bloco. A medida constava que a partir do carnaval de 2024, as fantasias passariam a ser numeradas, com o intuito de identificar os foliões que ultrapassem os limites.
A fim de entender um pouco mais sobre o assunto e trazer informações mais detalhadas, o Portal Massa! entrou em contato com um dos representantes das ''Muquiranas'', o maior bloco de travestidos do Brasil, Washington Paganelli, que abordou sobre a execução desta campanha em combate aos crimes contra a mulher.
'' Nossa campanha contra à violência de gênero, assédio, importunação sexual e feminicídio é o ano todo. Fazemos campanhas para o não uso da pistola que é um adereço que as pessoas usam, mas que não faz parte do nosso kit de fantasia, apoiamos, incentivamos e divulgamos campanhas como ‘Não é Não’. Fazemos campanhas de outdoor e também nas nossas redes sociais conta o racismo, intolerância religiosa e de gênero. Entre outras coisas.'' disse o empresário.
Paganelli também contou um pouco sobre a ideia de como funcionará o esquema das numerações nas fantasias, afirmando que os números serão identificados facilmente nas roupas de todos, inclusive naqueles que cometerem qualquer infração.
'' O objetivo central dessa medida é de identificar. Portanto, a numeração será colocada em um local de fácil identificação.''
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Além de acrescentar também, que a organização irá fazer a relação do número de identificação com o folião através do esquema de cadastro, realizado quando a pessoa se associa ao bloco, deixando salvo no sistema os dados e identificação de cada indivíduo.
''A gente entende que a fantasia é de responsabilidade do associado que comprou, por isso se chama associado. A responsabilidade continua sendo do associado, mesmo após a venda. Vamos buscar do associado, informação sobre a pessoa que ele vendeu, caso seja necessário. Os associados das muquiranas são cadastrados. Ao se associar, fazemos um cadastro dele.'' contou ele.
Ao finalizar, Washington contou que o grupo das Muquiranas está fazendo a sua parte, e caso aconteça algum episódio de violência ou assédio dentro do bloco, mesmo com o esquema das numerações em vigor, a instituição, ao identificar o suspeito, irá tomar a medida de desligamento direto dele com a associação do grupo, fazendo assim com que o individuo não participe mais do bloco.
''O que podemos fazer é tirar ele do quadro de associados. É assim que iremos fazer. Qualquer outra medida, cabe a polícia e as autoridades atuar como qualquer outro cidadão que esteja curtindo o Carnaval no bloco das Muquiranas ou não.''