Se o Outubro Rosa é dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, o Setembro em Flor surge para alertar a população sobre a prevenção e o diagnóstico precoce dos cânceres ginecológicos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 30 mil mulheres são diagnosticadas com algum tipo de câncer ginecológico, anualmente, no Brasil. Dentre os principais tipos estão os cânceres de colo do útero, ovário, e endométrio, todos com altos índices de mortalidade, mas que podem ser tratados de forma eficaz quando detectados precocemente.
“O câncer de colo do útero é extremamente prevalente no Brasil, mas o que muitas pessoas não sabem é que nós temos como prevenir esse câncer. A maioria dos casos são causados pelo HPV (Papilomavírus Humano), para o qual temos a vacina disponível gratuitamente no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos”, explica a ginecologista especialista em cânceres ginecológicos, Francileia Nogueira.
Além disso, na rede privada, a vacina está disponível para pessoas de 9 a 45 anos. O câncer de colo do útero, por exemplo, é o terceiro tumor maligno mais comum entre as mulheres no Brasil, sendo superado apenas pelos cânceres de mama e colorretal. Estimativas do INCA indicam que, em 2023, mais de 16 mil novos casos da doença foram diagnosticados, com aproximadamente 6 mil mortes decorrentes da enfermidade.
O câncer de ovário, por sua vez, é o segundo mais frequente, somando cerca de 6 mil novos casos por ano, mas com uma taxa de mortalidade proporcionalmente maior, uma vez que é comumente identificado em estágios avançados. Já o câncer de endométrio, o mais prevalente entre os tumores malignos do corpo uterino, tem mais de 10 mil novos diagnósticos anualmente, afetando sobretudo mulheres na pós-menopausa.
A ginecologista reforça que a prevenção continua sendo a melhor forma de combater o avanço dessas doenças. "Outra forma de prevenção é o rastreio com o preventivo, feito através da citologia do colo do útero. No preventivo ginecológico, temos como fazer o diagnóstico precoce das lesões antes delas se tornarem câncer, e tratá-las retirando apenas a lesão 'pré-câncer'." Ela também destaca a importância do acompanhamento ginecológico periódico, que oferece a oportunidade de diagnosticar precocemente a maioria dos cânceres relacionados à saúde feminina.
No entanto, a conscientização sobre a importância dos exames de rotina, como o ultrassom transvaginal e a ressonância magnética pélvica, ainda enfrenta desafios. Fatores como o acesso limitado aos serviços de saúde, principalmente nos bairros periféricos, e a falta de informação adequada para a população, contribuem para o diagnóstico tardio, o que diminui as chances de cura.
A campanha "Setembro em Flor", promovida por diversas entidades de saúde, tem como objetivo ampliar o acesso à informação, incentivando a realização de exames preventivos e o acompanhamento médico regular. A iniciativa também busca derrubar tabus e sensibilizar as mulheres sobre a importância do autocuidado e do diálogo aberto com profissionais de saúde. "Nós, mulheres, somos conhecidas por sermos multitarefas, cuidando de todo mundo e, muitas vezes, esquecemos de nós mesmas. Eu sempre falo para minhas pacientes: coloque na sua agenda um lembrete para cuidar de você. O importante é se colocar como prioridade e se dar a oportunidade de ter um diagnóstico precoce e tratamentos menos invasivos", conclui a especialista Francileia Ferreira.
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