
O Ministério da Saúde anunciou uma mudança importante no rastreamento do câncer de mama: mulheres entre 40 e 49 anos agora poderão realizar a mamografia preventiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo sem apresentar sintomas. A decisão amplia o acesso ao exame e pode salvar milhares de vidas, já que, segundo o Ministério, essa faixa etária concentra cerca de 23% dos casos de câncer de mama no país.
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De acordo com o mastologista Leonardo Dias, coordenador do Hospital Mater Dei Salvador e especialista em reconstrução mamária, a nova diretriz representa um avanço na saúde pública.
“Na prática, o que muda é que as mulheres a partir dos 40 anos passam a integrar o grupo de rastreamento. Isso tem impacto direto na redução da mortalidade, pois o diagnóstico precoce permite um tratamento menos agressivo e mais eficaz”, explica o médico.
Atualmente, o câncer de mama representa cerca de 30% dos tumores femininos no Brasil, com aproximadamente 70 mil novos casos por ano. A detecção precoce pode reduzir a mortalidade em até 30%, segundo dados internacionais. “Tumores descobertos cedo têm maior chance de cura, demandam tratamentos mais simples e geram menos custo ao sistema público”, reforça o especialista.
Embora a mamografia seja o método mais eficaz de rastreamento, o autoexame continua sendo uma forma importante de autoconhecimento corporal. Ele não substitui os exames clínicos, mas pode ajudar na identificação de alterações. O ideal é realizá-lo sempre no mesmo período do mês, de preferência alguns dias após o término da menstruação.
Diante do espelho, a mulher deve observar se há mudanças na forma, no tamanho ou na coloração das mamas, verificando também a presença de inchaço, vermelhidão, secreção ou retração do mamilo. Em seguida, com os braços levantados, é importante repetir a observação para perceber possíveis alterações na pele ou deformações. Durante o banho, com as mãos ensaboadas, deve-se apalpar a mama direita com a mão esquerda e vice-versa, fazendo movimentos circulares, de cima para baixo e de fora para dentro, de modo a cobrir toda a mama e a região das axilas. Já deitada, recomenda-se colocar um travesseiro sob o ombro do lado que será examinado e repetir os movimentos de palpação, sentindo atentamente toda a área em busca de nódulos ou endurecimentos. Caso perceba qualquer alteração, é fundamental procurar um profissional de saúde para avaliação.
Caso perceba algum nódulo, secreção ou alteração, é importante procurar um posto de saúde para avaliação médica.
Para realizar a mamografia pelo SUS, o primeiro passo é ir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, levando documento de identidade, cartão do SUS e comprovante de residência.
A equipe fará o encaminhamento para a consulta com o mastologista ou diretamente para o exame, dependendo do protocolo do município. Após o encaminhamento, a paciente será informada sobre data, horário e local da realização da mamografia, que geralmente ocorre em unidades de imagem credenciadas ou em unidades móveis de atendimento, que já estão em funcionamento em 22 estados brasileiros.
Além da mamografia, Leonardo Dias destaca que 30% dos casos de câncer de mama poderiam ser evitados com mudanças no estilo de vida.
Praticar atividade física regularmente, manter o peso corporal saudável, evitar o consumo de álcool, não fumar, ter uma alimentação equilibrada e amamentar quando possível são hábitos que reduzem significativamente o risco da doença. “São atitudes simples que, junto com o rastreamento, aumentam as chances de uma vida longa e saudável”, afirma o médico.
*Sob supervisão do editor Anderson Orrico