Você tem veias dilatadas e escuras nas pernas? Ou conhece alguém que convive com elas? As famosas varizes, muitas vezes vistas apenas como um incômodo estético, são, na verdade, um sinal de alerta para a saúde circulatória.
Mais do que um problema de aparência, elas podem causar dores, inchaço, sensação de peso nas pernas e até complicações graves, como úlceras de difícil cicatrização. Especialistas alertam que apresentar sintomas mais de seis vezes ao ano já é motivo de preocupação e exige atenção médica.
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A cirurgiã vascular Raissa Carneiro (CRM 28679 / RQE 20212) explica que as varizes são veias dilatadas e tortuosas que atrapalham o funcionamento da circulação. “Elas aparecem por predisposição genética e hábitos de vida, como permanecer longos períodos em pé ou sentado, sedentarismo e o uso prolongado de anticoncepcionais com estrogênio”, afirma. Segundo ela, os sintomas variam desde manchas na pele até sangramentos e feridas graves.
Para a médica, qualquer sinal de desconforto deve ser levado a sério. “Ao menor sinal de peso nas pernas, cansaço, inchaço ou aparecimento de vasinhos, é hora de procurar ajuda especializada”, orienta.
Tratamentos de todos os tipos
Nos últimos anos, os tratamentos evoluíram e podem ser adaptados ao tipo de variz e ao perfil do paciente. Há opções como cirurgia a laser, espuma, escleroterapia e laser transdérmico. Muitos desses procedimentos já estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo acesso para quem não pode arcar com os custos particulares.
Profissionais que passam muito tempo em pé, como professores, vendedores e seguranças, têm maior risco de desenvolver o problema, mas algumas medidas ajudam na prevenção. Pausas durante a jornada, movimentar-se, elevar os calcanhares e usar meias de compressão sob orientação médica favorecem a circulação. Fora do trabalho, manter o peso adequado, praticar exercícios físicos e elevar as pernas ao fim do dia são hábitos que fazem diferença. Evitar roupas apertadas e o uso frequente de salto alto também reduz os riscos.
A dona de casa Terezinha Santana Santos conhece bem o impacto do tratamento. “Eu sentia muita dor e minhas pernas ficavam muito inchadas. Depois que comecei as aplicações, melhorou demais. Hoje consigo viver sem aquele sofrimento constante”, relata. O tratamento dela foi conquistado através de ações de saúde gratuitas em Salvador e segue em acompanhamento.
A prevenção, no entanto, continua sendo o melhor caminho. Raissa Carneiro reforça que, apesar da carga genética, é possível qualquer pessoa, homens ou mulheres, adotarem medidas para retardar ou amenizar os sintomas: praticar atividades físicas regularmente, manter o peso adequado, evitar longos períodos parado em pé ou sentado e utilizar meias de compressão quando indicado.
No SUS é de graça!
Quem precisa de atendimento pode buscar tratamento gratuito pelo SUS. O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, levando documento de identificação, CPF e o cartão do SUS. Lá, o paciente passa por avaliação médica, que pode recomendar cuidados simples, como o uso de meias de compressão, indicar medicamentos ou encaminhar para um angiologista ou cirurgião vascular.
Dependendo da gravidade, o tratamento pode incluir sessões de escleroterapia (tratamento em que uma substância é injetada diretamente nas varizes para fechá-las e fazê-las desaparecer ao longo do tempo.) ou até procedimentos cirúrgicos. Em situações de dor intensa, inchaço exagerado ou feridas na pele, o atendimento deve ser buscado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou hospital público, onde o paciente será avaliado com prioridade.
Dados acendem um alerta
De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), entre 2024 e 2025 os hospitais da rede própria do SUS realizaram mais de 16 mil procedimentos ambulatoriais de escleroterapia para tratamento de varizes e 163 cirurgias voltadas para a mesma condição. O Hospital Ana Nery concentrou a maior parte dos atendimentos ambulatoriais, somando 16.379 procedimentos, enquanto o Hospital Metropolitano liderou em cirurgias, com 58 intervenções no período.
Apesar dos números expressivos, a Sesab ressalta que esses dados correspondem apenas à produção dos hospitais estaduais, sendo que boa parte das cirurgias de varizes com internação é realizada em unidades municipais e hospitais credenciados, o que significa que os números totais no estado são ainda maiores.
O alerta vale especialmente para trabalhadores que passam longas jornadas em pé, pessoas sedentárias e aquelas com dificuldades de acesso à saúde. Entender que as varizes não são apenas uma questão estética, mas um problema de saúde, pode fazer toda a diferença na qualidade de vida.
* Sob a supervisão da editora Amanda Souza.
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