
Tomar banho todos os dias (e mais de uma vez) é um costume quase sagrado no Brasil. Mas, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o excesso de higiene, aliado a produtos inadequados e banhos demorados, pode estar prejudicando a saúde da pele dos brasileiros.
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Com uma média de 14 banhos por semana, o Brasil lidera o ranking mundial de frequência, de acordo com a World Population Review. Só que essa rotina, aparentemente saudável, pode estar comprometendo a proteção natural do corpo.
“A pele possui um microbioma natural, uma camada de microrganismos essenciais para sua proteção. O uso indiscriminado de sabonetes, várias vezes ao dia e em todo o corpo, pode remover essa barreira protetora, facilitando infecções, irritações e agravando condições como dermatite e psoríase”, afirma a dermatologista Mayla Carbone, membro da SBD.
Mas como é o banho ideal?
A recomendação da Sociedade é que o uso de sabonete seja restrito às regiões com maior concentração de suor e bactérias: axilas, pés, genitais e região anal. No restante do corpo, água morna corrente já é suficiente. E a temperatura da água também importa.
A água muito quente causa ressecamento imediato e compromete a integridade da camada lipídica, fundamental para manter a hidratação natural.
Mayla Carbone
Outro alerta importante da dermatologista diz respeito à escolha dos produtos usados durante o banho. Peles oleosas, secas ou sensíveis exigem atenção às fórmulas para evitar reações como obstrução dos poros, ardência ou vermelhidão.
Além disso, o tempo de banho deve ser reduzido. A orientação é que ele dure no máximo dez minutos, especialmente em dias mais secos, para evitar ainda mais danos à camada protetora da pele.
“A recomendação de tomar um ou dois banhos por dia é válida, mas sempre com moderação. Pessoas que trabalham em ambientes expostos ou praticam atividades físicas devem manter a higienização frequente”, completa a médica.
Prefira sabonetes suaves, evite buchas agressivas e hidrate logo após o banho.
Mayla Carbone
Entre os mitos combatidos pela SBD, está a ideia de que mais espuma é sinônimo de mais limpeza. De acordo com a dermatologista, a realidade é o oposto. Espuma em excesso pode indicar presença de surfactantes agressivos, que irritam a pele. E produtos com menos espuma, embora gerem desconfiança, podem ser até mais eficazes e suaves.