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CADA UM NO SEU QUADRADO - 18/08/2024, 07:00 - Pedro Moraes - Atualizado em 23/08/2024, 23:22

"Tem que ser o justo", considera advogado sobre defesa de criminosos

Criminalista Alisson Monteiro comentou estratégia usada para defender pessoas apontadas como suspeitas

População carcerária do Brasil era superior a 800 mil pessoas, em 2023
População carcerária do Brasil era superior a 800 mil pessoas, em 2023 |  Foto: Ilustrativa/Arquivo/Agência Brasil

Um dos maiores ditados populares destaca que "o bem sempre vence o mal". Diante dessa figura de linguagem que, por vezes, se transforma em realidade, como entender a defesa de suspeitos de crimes brutais? O advogado criminalista Alisson Monteiro, que possui mais de 41 mil seguidores no Instagram, onde publica ações decisivas em cada julgamento, responde aos leitores do Portal MASSA!.

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População carcerária do Brasil era superior a 800 mil pessoas, em 2023
População carcerária do Brasil era superior a 800 mil pessoas, em 2023 | Foto: Ilustrativa/Arquivo/Agência Brasil


Ciente do julgamento popular sobre indivíduos vistos como assassinos, sanguinários, entre outros termos, o profissional de direito entende que, seja lá qual for a situação, a pessoa tem que ser julgada de forma justa.

Aspas

Não é defender o crime, o errado, mas sim que ela tenha julgamento justo

“O papel é fazer com que a pessoa seja julgada de forma justa, não é defender o crime, o errado, mas sim que ela tenha julgamento justo. Já tive casos que a pessoa ficou presa anos e anos e, posteriormente, com a prova de DNA, se comprovou que não foi ela que cometeu o crime. Temos que entender que a Justiça pode falhar, a acusação tem que ser provada, então nem sempre as provas, as notícias, são comprovadas ao final do processo”, declarou.

Prisões injustas

Um coroa, que teve a identidade preservada, foi preso injustamente ao tentar acessar o circuito Barra-Ondina, onde trabalharia no Carnaval de Salvador, em fevereiro deste ano. O homem, de 60 anos, foi resgatado pela Defensoria Pública da Bahia (DP-BA), que demonstrou que aquela era uma prisão injusta.

O motivo foi uma falha no lançamento de um ato processual no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Por isso, Monteiro entende que a justiça tem que equilibrar os dois lados: acusação x defesa.

“Temos casos de crimes confessados mediante tortura, crime em que o DNA comprovou que a pessoa não estava na cena, câmeras de segurança que são obtidas pelo advogado que comprova que a pessoa não realizou o fato, estava em outro local. O símbolo da justiça é uma balança, porque tem que ser o justo, mesmo que a pessoa esteja errada, que ela não pegue uma pena nem a mais, nem a menos, e justa”, mencionou.

Clamor da sociedade

Entre os diversos crimes praticados diariamente em Salvador e no Brasil, em alguns deles a população pratica a famosa ‘justiça dos homens’. Uma delas aconteceu, nesta quarta-feira (21), no bairro de Brotas, quando a vítima ‘prendeu’ o próprio suspeito de assalto.

Atitudes como essas são similares às de populares em outras ações criminosas. Na visão de Alisson Monteiro, as provas para defesa de qualquer pessoa são apresentadas para que, ao fim, a sociedade tire a conclusão.

“Existem três tópicos principais para isso, o primeiro deles é contar a versão da defesa, ir à mídia e contar. O segundo é impedir que o clamor público se transforme em um julgamento paralelo, que aquilo influencie na decisão judicial, para que não prejudique o cliente. O terceiro ponto é fazer com que sejam sanadas as fake news. O papel do advogado criminalista, principalmente ao ceder entrevistas, é mostrar a versão dos fatos de acordo com a visão da defesa, impedir isso nem que seja com o desaforamento que é, transferir de uma comarca para outra, ou colocar o processo em segredo de Justiça. Mas, de qualquer forma, não pode se acovardar, deve defender a versão do cliente perante a sociedade para que entenda que existem dois lados da mesma história e, após ouvir os dois lados, ela [sociedade] tire a conclusão”, explicou.

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