Não é segredo para ninguém que a criminalidade tem botado a cara em várias regiões do Brasil, mas o que, dessa vez, chama a atenção é a nova modalidade adotada pelas facções criminosas: corte do uso da internet. Depois de registros no Ceará e em outros cantos do Nordeste, a prática começou a pipocar também em Salvador.
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Segundo relatos de moradores do Cabula e Cosme de Farias, os grupos que tocam o terror nessas áreas começaram a taxar as empresas de internet. Caso a firma não pague o tal 'pedágio', o fornecimento é cortado ou sabotado, e os funcionários recebem ameaças.
4G do Comando Vermelho
O esquema atinge toda a comunidade e, segundo fontes policiais ouvidas pelo Portal MASSA!, tem sido comandado principalmente por traficantes ligados ao Comando Vermelho (CV), facção que tenta ampliar sua atuação nos bairros da capital baiana.
Mesmo ainda restrita a algumas áreas, a estratégia tende a se espalhar. A intenção é clara: controlar o território por completo, inclusive os serviços básicos, como forma de impor respeito e poder. É o que alerta uma fonte.
Ou paga para as facções, ou paga pras milícias que provavelmente vão se instalar nas regiões de Salvador
Já o delegado da Polícia Federal e coordenador da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado na Bahia (FICCO/BA), Eduardo Badaró, explica que essa movimentação é parte de uma tentativa dos grupos criminosos de expandir suas fontes de renda: “A facção busca garantir lucro, esse é o objetivo principal. Então ela busca outras formas além do tráfico de drogas”, afirma.
São buscas por outros mercados ilícitos
Eduardo Badaró
De modo geral, os investigadores já têm conhecimento de casos em que essas cobranças ilegais ocorreram. E isso virou questão de prioridade dentro das forças de segurança da Bahia. “Toda vez que a gente tem conhecimento desse grupo, de algum grupo, cobrando taxa de comerciante, extorquindo comerciante, ele é priorizado, e a gente investiga e captura esses indivíduos. Então a gente não deixa isso prosperar”, reforça.
Cada cabeça em seu quadrado
A estrutura da facção é organizada em setores, com líderes específicos para cada mercado ilícito, seja tráfico de armas, de drogas e agora também extorsões. “A gente conseguiu identificar grupos específicos dentro das facções criminosas. [...] Mas toda vez que tenta se praticar esse crime, a gente sufoca de imediato”, garante Badaró.
Chefe máximo da polícia no estado, o secretário de Segurança Pública do Estado (SSP-BA), Marcelo Werner, confirma, em entrevista exclusiva ao MASSA!, que o problema já acendeu o sinal de alerta das autoridades estaduais. De acordo com ele, a pasta está “com muita atenção” em cima do caso, atuando em parceria com as operadoras de internet e também com a população, que vem denunciando situações de extorsão através do Disque Denúncia.
“Logicamente, toda vez que a gente toma conhecimento disso, de imediato as ações são reforçadas e a investigação começa. Tivemos algumas ações, inclusive prisões, realizadas pela Polícia Civil”, reforça o secretário, afirmando ainda que o Estado não vai aceitar que facções se coloquem acima dos serviços essenciais.
*Sob a supervisão do editor Pedro Moraes
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