O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou a confissão de Adriana Pereira Siqueira, acusada de matar o marido em 2018, após a fotógrafa técnico-pericial Telma Rocha revelar em um podcast que pressionou a ré a confessar o crime. A declaração foi feita no Inteligência Ltda., onde Telma detalhou como de certa forma induziu Adriana a admitir o assassinato, sem informá-la de seu direito ao silêncio.
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Adriana havia sido presa em flagrante após confessar à Polícia Civil o crime, mas a defesa entrou com um habeas corpus após a divulgação do podcast com a fala da fotógrafa. A 5ª turma do STJ, sob relatoria da ministra Daniela Teixeira, considerou que a conduta dos peritos foi inadequada e anulou a confissão. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou ao portal g1 que os peritos são alvo de investigação pela Corregedoria.
Como aconteceu?
Durante a participação no podcast, Telma contava sobre o orgulho de ter desvendado um caso de assissinato. Foi aí que ela começou a detalhar a ocorrência e como identificou que a esposa do homem encontrado carbonizado dentro de um carro seria a responsável pelo crime. Ela tinha sangue nas unhas e na calça.
Ela contou que conversou com a mulher em busca de alguma resposta, e seguiu. "E aí a gente deu mais uma forçadinha. [...] Eu falei: 'Só que você confessar agora para a autoridade policial vai te trazer um benefício'." Depois disso a mulher teria confessado.
A ministra que anulou a confissão também criticou o comportamento de Telma e do outro perito presente, Leandro Lopes, por expor o caso em um podcast de forma inadequada, em um ambiente que envolvia consumo de bebida alcoólica e com termos impróprios, violando o dever de impessoalidade que se espera de servidores públicos.