Mandante, executor ou inocente. Os perfis de pessoas apontadas como culpadas de um crime são distintos, mas todos eles desafiadores. Desafios esses que permeiam dados importantes sobre crimes e prisões no Brasil. Para entender o cenário do perfil de suspeito mais difícil de defender perante a Justiça, o Portal MASSA! conversou com um especialista sobre o assunto.
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No Brasil, em 2023, a população carcerária era de 832 mil pessoas, de acordo com o 17° Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Acostumado a livrar ou conquistar uma pena justa para os suspeitos que defende, o advogado criminalista Alisson Monteiro revelou dois perfis que requerem bastante atenção.
“Existem dois clientes que são muito desafiadores. Aquele que quer fazer a própria defesa, contrariando a opinião do advogado que ele constituiu. E o segundo mais desafiador é o que omite as informações do advogado, em que não conta toda a história e o advogado, ao longo do processo, é pego de surpresa porque o cliente não falou a ele daquela coisa que era muito importante, mas que ele decidiu omitir”, declarou, em entrevista à reportagem.
Se ligue:
O Anuário do ano passado mostra que o crime que mais prende no Brasil é o tráfico de drogas. Quase 160 mil das 750 mil incidências registradas no segundo semestre de 2022 atendem a essa tipificação. Conectado a isso, cerca de 70% das pessoas que cumprem pena de prisão no país reincidem após algum tempo de liberdade.
Mesmo com esse choque de realidade, lutar contra o “abuso de autoridade” é tão desafiador quanto. O ex-funcionário da Justiça Criminal caracterizou essa etapa do trabalho como delicada, já que contrapõe a expectativa de uma ‘batalha’ judicial respeitosa.
O mais difícil acredito que seja lutar contra o abuso de autoridade
“O mais difícil acredito que seja lutar contra o abuso de autoridade que ocorre durante a investigação, durante o inquérito policial. O abuso de autoridade está muito forte, enraizado ainda durante a investigação que ocorre antes do processo ir para a Justiça. Além disso, há uma criminalização da advocacia, então por vezes o advogado é confundido com seu cliente, e isso prejudica muito”, pontuou.