
Duas pessoas LGBTQIAPN+ relataram ter sido vítimas de assaltos violentos após solicitarem corridas de moto por aplicativo saindo do bairro Rio Vermelho, em Salvador, entre a noite de sábado (17) e a madrugada do domingo (18). Os crimes foram cometidos por homens de moto e tiveram abordagens violentas.
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A primeira vítima, Ítalo, como quis se identificar, relatou que estava saindo do Bloco dos Palhaços do Rio Vermelho, no último sábado (17), quando foi abordado por moto táxis que ofereciam corridas com preços acima dos valores dos aplicativos.
Depois de recusar e solicitar uma viagem em um aplicativo para a Barra, ele contou que foi abordado por homens armados de moto, que o obrigaram a desbloquear seu celular e entregá-lo depois de apontarem uma arma para seu pescoço. O jovem suspeita que o motorista que aceitou sua corrida estava envolvido no assalto.
"Parecia tudo muito armado. Quando cheguei em casa, tentei bloquear tudo e mandei mensagem para a Uber. Para minha surpresa, quando vi a viagem, ela estava em aberto e concluiu no mesmo lugar que tinha sido iniciada, em frente ao Point do Japa", detalhou ao MASSA!.
Além disso, quando foi registrar o boletim de ocorrência na 14ª Delegacia da Barra, Ítalo revelou que o escrivão da unidade disse que se tratava da "quadrilha do Ubermoto". Para a vítima, os principais alvos do suposto grupo são pessoas da comunidade LGBTQIA+: "É uma quadrilha organizada e está tendo como alvo a população gay LGBT".
Outro relato também demonstrou a ação de bandidos na região. O produtor de eventos Jefferson Cardoso revelou que foi assaltado depois de solicitar uma corrida por aplicativo no Rio Vermelho. Ele saía de uma balada no início da manhã de domingo quando foi abordado violentamente na altura da Federação.
"O rapaz estava de capacete todo encapuzado, com a pochete e a arma em punho e colocou a arma no meu corpo. Naquele momento, pensei: agora vai acontecer uma tragédia aqui. Ele só pedia para a gente encostar. Pediu os celulares e ainda exigiu que déssemos a senha", descreveu o rapaz.
Jefferson também disse que leu relatos de pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ que sofreram assaltos depois de solicitarem corridas de moto no bairro. Assim como Ítalo, ele atribuiu o crime a uma possível perseguição a esse grupo. Apesar da violência, o jovem não sofreu agressões físicas graves.
"A maioria dos relatos que recebi foi com pessoas da comunidade. Vi que alguns até tinham sido agredidos, mas, graças a Deus, eu não fui. Ele só encostou a arma em mim duas vezes", explicou.
Enquanto Jefferson conseguiu bloquear as contas bancárias para evitar transações fraudulentas, Ítalo disse ainda não ter acesso aos aplicativos e teme que os assaltantes usem seus saldos. Os dois registraram boletins de ocorrência.
Os casos aconteceram às vésperas do Carnaval, quando grande parte da população LGBTQIAPN+ vai às ruas para festejar.O Portal MASSA! entrou em contato com a Polícia Civil, mas a corporação afirmou não ter localizado os registros das ocorrências descritas na matéria.
Além disso, a PC também não respondeu quando questionada sobre investigações ou medidas de precaução para casos envolvendo corridas por aplicativo na região. O espaço segue aberto para manifestações.