Motoristas por aplicativo, passageiros, chefões. Essas três categorias ficaram preocupadas com a notícia de que um homem, identificado como Jonathan dos Reis Oliveira, foi preso nesta quarta-feira (8). Antes mesmo da prisão, o condutor já estava sob investigação da Polícia Civil da Bahia (PC-BA).
Cerca de cinco denúncias foram registradas na corporação, todas elas com vítimas mulheres. Durante as ações criminosas, o homem, 30 anos, se deslocava até o cliente, aceitava a corrida e, em determinado trecho, cancelava a mesma. A partir daí, ele sequestrava a vítima e a obrigava a realizar transferências bancárias via PIX.
Preso de forma temporária por 30 dias, Jonathan pode ter a detenção convertida em preventiva. A medida já foi solicitada pela PC-BA. O Portal MASSA! procurou a Uber para saber quais medidas foram tomadas referente a este caso.
Por meio de nota, a empresa multinacional americana, prestadora de serviços eletrônicos na área do transporte privado urbano, enfatizou que o motorista parceiro está fora da empresa.
“A Uber lamenta que cidadãos que desejam apenas se deslocar sejam vítimas da violência que permeia nossa sociedade. Esperamos que as autoridades possam identificar e responsabilizar o autor dos atos criminosos. A empresa permanece à disposição para auxiliar no curso das investigações, nos termos da lei. A conta do motorista parceiro foi desativada assim que a empresa tomou conhecimento do episódio”, diz um trecho do comunicado enviado à reportagem.
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Motoristas na bronca
O Portal MASSA! correu atrás de alguns motoristas por aplicativo para trocar uma ideia sobre os efeitos que as ações de Jonathan provocam na categoria. Eliane Mendonça, que atua há cerca de cinco anos na profissão tanto durante o dia quanto pela madrugada, admitiu que se sente envergonhada.
“Já não temos muitas portas de emprego, já não é lá essas coisas o que ganhamos rodando aplicativo. Agora vem esse sujeito aí, fazendo essas coisas horrorosas. Está difícil para todo mundo, a gente já, como Uber, não tem segurança, e os passageiros também não têm segurança nenhuma, porque ele ficou sempre arrumando um jeitinho de roubar, de fazer essas coisas erradas, e isso é triste”, citou a condutora, de 51 anos de idade.
Tem muita gente que acha que, por causa de um, todos pagam
Mendonça reforçou que espera que a justiça cumpra com o papel dela. “Falo também como mãe, como avô, isso é triste, eu espero que a justiça resolva esse caso, não deixe para lá, para trazer segurança, tanto para os passageiros, como para nós também, porque isso causa até indignação aos próprios passageiros. Tem muita gente que acha que, por causa de um, todos pagam”, frisou.
Natanael Souza Vieira, de 52 anos, tem dois anos a mais de profissão. Segundo ele, a plataforma é segura para os dois lados - passageiro e motorista, principalmente pelo fato de que há exibição do tempo do condutor na plataforma, o histórico das corridas, entre outros, porém, a atitude de Jonathan, pode implicar na resistência dos clientes.
É negativo para todos os motoristas que trabalham, porque os passageiros já entram no veículo com medo
“Esse aí é um caso que cabe à polícia investigar e realmente ver como é que está surgindo essa conta, porque as plataformas são bem mais seguras para os passageiros do que para os motoristas (...) Com essa situação, as pessoas vão ficar com receio. É negativo para todos os motoristas que trabalham, porque os passageiros já entram no veículo com medo”, indicou.
Já Lourdes Costa, que também está há sete anos na carreira de motorista por app, entende que as plataformas jogaram para cima a questão da segurança. “Isso vai continuar acontecendo porque as plataformas não estão nem aí com a questão de segurança, qualquer um pode se cadastrar nas plataformas”, disparou.
Confira a nota da Uber na íntegra:
“A Uber lamenta que cidadãos que desejam apenas se deslocar sejam vítimas da violência que permeia nossa sociedade. Esperamos que as autoridades possam identificar e responsabilizar o autor dos atos criminosos. A empresa permanece à disposição para auxiliar no curso das investigações, nos termos da lei. A conta do motorista parceiro utilizada foi desativada assim que a empresa tomou conhecimento do episódio.
Segurança é prioridade para a Uber e a empresa está sempre buscando, por meio da tecnologia, fazer da sua plataforma a mais segura possível, de uma forma escalável. Hoje uma viagem pelo aplicativo já inclui ferramentas de segurança antes, durante e depois de cada viagem, tanto para os usuários quanto para os motoristas parceiros.
Durante a viagem, o aplicativo conta com o botão Recursos de Segurança, que reúne funções de segurança da plataforma. O recurso, permite que usuários e motoristas parceiros possam compartilhar a sua localização e o tempo de chegada em tempo real com quem desejarem, além de oferecer a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app. Ao pressionar este botão, além de efetuar a ligação, o usuário será informado de sua localização atual e informações do veículo em viagem. No Rio de Janeiro, Maranhão e no Pará, esse recurso já foi integrado com o serviço 190 para que os operadores do serviço de emergência recebam automaticamente a localização em tempo real e os dados da viagem em que foi originada a chamada. O projeto reproduz uma integração que a Uber já faz com os serviços de atendimento a emergências em mais de 1.200 cidades dos Estados Unidos, além de diversos estados no México, África do Sul e Canadá.
Além disso, todos os parceiros cadastrados na Uber passam por uma checagem de apontamentos criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos para cadastramento na plataforma, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o país, em tempo real, em busca de apontamentos de crimes que possam ter sido cometidos. A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas parceiros já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses.”