Sob comoção de familiares e amigos, os irmãos Gustavo, de 15 anos, e Daniel, 21, foram enterrados no início da tarde desta quarta-feira (9), no Cemitério Municipal de Itapuã, em Salvador. Muito queridos pela comunidade do Malê Debalê, os jovens foram assassinados a tiros enquanto estavam em um passeio Emissário de Arembepe, em Camaçari. Eles eram percussionistas do bloco afro e foram alvejados após publicarem uma foto onde estariam fazendo supostos gestos de alusão a facção Bonde do rival a dos atiradores.
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O sepultamento dos irmãos Natividade aconteceu às 15h, mas os entes queridos que foram se despedir deles já se aglomeravam desde às 14h no cemitério. O enterro foi marcado por fortes emoções, especialmente de Daniela e Liliane, mãe e irmã das vítimas. As duas passaram mal e precisaram ser, além de acalmadas, carregadas por outras pessoas que estavam presentes.
Apesar da presença de centenas de amigos e parentes, as descrições sobre Gustavo e Daniel eram as mesmas para todos. "Eles eram brincalhões, sempre ajudavam os próximos. Qualquer pessoa que pedia um favor, eles faziam sem reclamar. Vendiam acarajé com a avó e a mãe. Qualquer trabalho que tinha, eles se juntavam para fazer. Eram meninos do bem", disse Agatha Oliveira, de 29 anos, amiga deles.
Antes da chegada dos caixões, integrantes do Malê Debalê ainda prestaram uma homenagem aos irmãos com cantos e percussão, relembrando o que ele mais gostavam de fazer. Com o surgimento dos corpos, todos subiram a ladeira em direção as lápides. O momento do enterro foi de muitos aplausos, mas divididos com choros e lamentações. "Volta pra mim Barriga [apelido de Daniel], volta pra mim Ogro [apelido de Gustavo]", gritavam parentes.
Primo dos irmãos, Reinaldo Natividade revelou que foi chamado por eles para comparecer ao passeio, mas acabou desistindo por razões particulares. "Os dois eram meninos extraordinários, sempre alegres, com sonhos, e não tinham nada a ver com [tráfico]", comentou.
A região do Emissário de Arembepe é controlada por traficantes do Comando Vermelho (CV), que viram a foto publicada por Gustavo e Daniel e entenderam ser alusiva aos rivais da facção Bonde do Maluco (BDM). O organizador do passeio, Alex Campos, chegou a alertar sobre os riscos na área.
"Na saída do carro, a gente sempre fala: 'Gente, vamos pra área de qualquer outra comunidade, temos que respeitar, a gente sabe como a vida está. Vamos parar de tirar foto, de gritar, de falar esses negócios de facção, gente, que de vocês, nenhum são envolvidos.' Até então, se tivesse alguém envolvido, a gente não queria no nosso ônibus para não prejudicar", detalhou.
A Polícia Civil (PC) lançou uma operação de busca aos autores do duplo homicídio, mas ninguém ainda foi preso. O caso segue em investigação.
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