A Justiça baiana inocentou, nesta terça-feira (11), um homem que respondia por uma tentativa de homicídio há 13 anos. O inocentado foi o técnico agrícola Marcos Antônio dos Santos Costa, que conseguiu comprovar, através de uma torre telefônica, que não estava no local do crime.
O crime
Marcos Antônio foi apontado como suspeito após uma mulher, a vítima da tentativa de homicídio, ver um carro similar ao usado no momento do crime, que aconteceu na região do Salvador Shopping. Ela anotou a placa do carro - que pertence ao técnico agrícola - e, ao procurar a polícia, afirmou acreditar que ele era o autor do crime.
"Uma pessoa negra, em um carro normal, que a minha empresa me deu após muito trabalho, por merecimento. A pessoa me viu dirigindo em uma avenida normal de Salvador, achou que a pessoa que atentou com a vida dela foi eu, anotou a placa do meu carro e começou o serviço de investigação", detalhou o rapaz.
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Prisão
Marcos Antônio chegou a passar quatro dias preso. O homem relatou que soube que estava com mandado de prisão em aberto, mas não sabia que era investigado pelo crime. “Cerca de 15, 20 policiais começaram a forçar meu portão, meus cachorros começaram a latir bastante e eu fui no portão ver o que estava acontecendo. Eles disseram que estava acontecendo uma perseguição contra uma pessoa que estava no fundo da minha casa. Abri a porta calmamente, aí homens vestidos com paletós e policiais militares e civis me mandaram sentar e eu fiquei sabendo que estava com um mandado de prisão", contou.
O agora inocentado relatou ainda que os policiais revistaram seu imóvel, porém não encontraram provas. Marcos acredita que os agentes buscavam a arma do crime: “Nunca tive e nunca peguei em uma na minha vida", lamentou.
Inocência
Após ser preso, Marcos passou a responder em liberdade, até o julgamento no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), realizado nesta terça-feira (11). A defesa do técnico conseguiu provar, através de torres de telefonia celular, que, no horário em que o crime aconteceu, ele estava, na verdade, no Shopping Barra.
"Passei por esse calvário durante 13 anos da minha vida e meio que silenciado, porque a gente não podia comentar muito a respeito devido ao posicionamento dessas pessoas envolvidas nesse atentado", contou. "Espero que isso não aconteça mais, com essa naturalidade, com homens negros. Temos histórias, profissão e muita coisa a perder quando alguém aponta e diz que somos bandidos", desabafou Marcos Antônio.