
As circunstâncias da morte do vereador Gleiber da Mota Fernandes, 37 anos, conhecido como Gleiber Júnior, e do assessor Diego Castro Reis, 23, seguem sem explicação. Informações preliminares apontam que os dois estavam sozinhos em um sítio pertencente à família do parlamentar quando foram mortos a tiros, na madrugada do último domingo (9).
Leia Também:
A propriedade fica em uma área isolada do Conjunto Nova Santo Amaro, sem vizinhos próximos, o que dificulta a obtenção de testemunhas e detalhes sobre a dinâmica do crime. Embora a Polícia Civil ainda não tenha uma linha central definida, uma das hipóteses levantadas por investigadores envolve o possível envolvimento do vereador com agiotagem – informação não confirmada oficialmente.
Horas antes do crime, Gleiber e Diego foram vistos em uma festa com amigos, na noite de sábado (8). Os corpos deles foram sepultados na manhã de segunda (10), no Cemitério Campo de Caridade, em Santo Amaro, sob forte comoção.

Nos últimos anos, Gleiber Júnior esteve no centro de uma sucessão de conflitos registrados em cidades do interior baiano. Os episódios incluem disputas por terras, desacordos comerciais, conflitos contratuais, relatos de ameaças e situações de violência física. Em alguns casos, ele aparece como denunciado; em outros, como vítima.
Em um dos registros mais emblemáticos, um representante de uma fazenda situada entre Euclides da Cunha e Canudos afirmou ter sido informado de que o vereador iniciara obras na área alegando ser o novo proprietário.
Ameaças na parada
O denunciante relatou ter recebido ligações com ameaças diretas, acompanhadas posteriormente de mensagens enviadas por outro número, inclusive com foto de uma autoridade policial. Em outro episódio, em 2022, um homem denunciou que foi seguido e ameaçado durante um deslocamento na zona rural, fato acompanhado de agressões envolvendo a companheira e uma terceira pessoa. O boletim ainda descreveu danos em móveis supostamente provocados por disparos e colisões intencionais entre veículos. Também em 2022, uma mulher afirmou ter rompido um acordo informal de compra de imóvel e, após comunicar o distrato, passou a receber ameaças enviadas por pessoas ligadas ao negócio, incluindo o vereador.
Treta com advogada
Mais recentemente, em 2025, uma advogada acusou Gleiber de registrar uma falsa comunicação de crime ao relatar um furto de veículos, argumentando que a narrativa apresentada não correspondia aos fatos e teria sido usada para justificar restrições documentais surgidas depois. Em outro caso, um casal que negociou a compra de uma fazenda na região de Canudos relatou ter descoberto posteriormente que o imóvel não estava mais em nome do vereador e que a área tinha metragem inferior à acordada. Segundo a denúncia, bens entregues na transação teriam sido revendidos sem transferência formal, e cobranças presenciais teriam resultado em ameaças.
O parlamentar também figura como vítima em registros envolvendo cheques devolvidos, conflitos por acesso a imóveis e divergências após venda de veículos. Apesar dos antecedentes, a Polícia Civil afirma que não há, por enquanto, elementos que relacionem esses episódios diretamente ao duplo homicídio.
