
As investigações sobre o influenciador digital Hytalo Santos ganharam novos desdobramentos. Ele e o marido, Israel Nata Vicente, foram presos na última sexta-feira (15), em São Paulo, acusados de tráfico de pessoas e exploração sexual de adolescentes.
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O caso é apurado pelo Ministério Público do Trabalho da Paraíba (MPT-PB) em conjunto com a Polícia Civil, e teve detalhes revelados em reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida na noite deste domingo (17).
Depoimentos de ex-funcionários
Ex-funcionários do casal, ouvidos sob anonimato pelo programa, descreveram uma rotina de forte controle sobre os menores que viviam na casa de Hytalo, em João Pessoa (PB). Segundo os relatos, os adolescentes só podiam comer, dormir ou usar o celular com autorização do influenciador.
Um dos depoimentos afirmou que os jovens eram usados em filmagens para redes sociais. "Teve filmagens que ele fez pra postar, mostrando as crianças indo para a escola, mas depois das câmeras desligarem elas não iam. E, quando iam, se ele precisasse de alguém, buscava no meio da aula", contou um ex-funcionário.
Outro relato apontou que festas eram frequentes na mansão, com consumo liberado de bebidas alcoólicas, inclusive para menores de idade.
Eu presenciei muita festa, bebida, e a bebida era à vontade para todo mundo. Todos bebiam, sem restrição.
Ex-funcionário do influenciador
Condições precárias, rotina de gravações e faltas escolares
Além do controle rígido, uma ex-funcionária declarou ao MPT que a casa tinha ambientes sujos e alimentação limitada. Segundo ela, os jovens dependiam da autorização de Hytalo até para se alimentar.
Conforme exibido na reportagem, as investigações mostram que a residência funcionava como uma espécie de reality show. Os adolescentes gravavam vídeos diariamente, em coreografias muitas vezes sensuais, que eram publicados nas redes sociais. O conteúdo, que era monetizado, gerava lucros para Hytalo.
Também foi identificado que a frequência escolar era prejudicada e em alguns casos, os jovens passavam até 50 dias fora da escola para acompanhar gravações e viagens.
Pais recebiam 'mesada'
Outro ponto levantado pela investigação é que os pais dos adolescentes recebiam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por mês para permitir que os filhos morassem na casa de Hytalo. Apesar disso, conselheiros tutelares ouvidos pelo Fantástico disseram que nunca receberam denúncias formais das famílias.