
A maioria das pessoas presas em flagrante por crimes em Salvador é formada homens jovens que se declaram pretos. Os dados foram divulgados pela Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA), na manhã desta quarta-feira (9), em um evento onde foi lançado o novo Relatório das Audiências de Custódia da capital baiana.
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A coordenadora da Defensoria Pública Especializada Criminal e de Execução Penal da Bahia, Alexandra Soares, destacou que a realidade vivida na periferia tem influência direta nos números apresentados.
“As pessoas que foram presas, 96,9% se declararam pretos ou pardos. Apenas 3,1% se declararam brancos. A gente percebe aqui o que? Que a dura realidade da população negra, da população jovem e da população que se encontra nas periferias das cidades. Esse dado, também reflete dentro da população carcerária”, explicou
Alexandra Soares
Ainda de acordo com Alexandra de 2.898 pessoas conduzidas às audiências de custódia, 2.741 foram homens e 157 mulheres, o que representa que 94,6% são do sexo masculino.
“A gente percebe que majoritariamente as pessoas que cometem crime possuem até 29 anos de idade. Esse dado, 63,18% corresponde a esse público, até 29 anos de idade. O público majoritário tem ensino fundamental incompleto, 35,20% das pessoas que cometem crime têm ensino fundamental incompleto”, destacou.

Já em relação às mulheres, a coordenadora ressalta que, na maioria dos casos, o parceiro tem algum tipo de influência. “Vários crimes, principalmente relacionados à lei de drogas, praticados por mulheres, ela é envolvida também pela prática do seu companheiro ou do seu marido”, afirmou Alexandra.
Negros são alvos da violência
De acordo com dados da Atlas da Violência 2024, divulgado em 2022, a população negra é a que mais morre na Bahia. Em 10 anos, entre 2012 e 2022, foram contabilizadas 72.527 mortes no estado e 90,7% (65.789) foram pessoas negras, entre homens e mulheres.
Audiência de custódia
O estudo indica que apenas 4,2% das pessoas que tiveram liberdade provisória concedida pela Justiça incorreram em novas audiências de custódia no período de um ano. Em 2022, foram 4,1%. O percentual tem se mantido abaixo de 7% nos últimos cinco anos, conforme os relatórios divulgados pela DPE/BA desde 2019. Durante esse período, incluindo a fase mais crítica da pandemia, as taxas atingiram seus picos, variando entre 6% e 7%.