
Com bandeirolas coloridas e o forró nas ruas, o clima junino já tomou conta de Salvador. Mais do que uma festa popular, o período também representa uma das maiores esperanças de lucro para o comércio informal, especialmente para os camelôs, que há décadas apostam nas vendas sazonais. Entre expectativas positivas e desafios inesperados, os trabalhadores mantêm a fé no São João como uma importante fonte de renda.
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Patrícia dos Santos, de 49 anos, trabalha como camelô há mais de vinte anos e já conhece bem o ritmo das vendas juninas. Ela comercializa roupas infantis e começa os preparativos logo após o Dia das Mães. “Tem que comprar as roupas, se organizar”, conta. Mesmo com o aumento dos preços em relação ao ano passado, ela avalia que o movimento está dentro do esperado: “Aumentou um pouquinho, mas não prejudicou. Tá normal, tá legal.”
No entanto, Patrícia aponta um fator que impactou diretamente seu faturamento este ano: a greve das escolas municipais. “Se não tivesse greve, as vendas dobravam. Os pais compram roupa pros filhos dançarem nas escolas. Como não teve, caiu bastante”, lamenta. Ainda assim, ela buscou se adaptar, focando nas vendas para colégios particulares. “Se sobrar, eu guardo pro ano que vem. Não tem prejuízo.”

De acordo com pesquisa do Serasa, o comércio local cresce em média 61% durante o período dos festejos juninos na Bahia, o que motiva a chegada de novos vendedores ao mercado. É o caso de Stephanie Santiago, de 19 anos, que trabalha há seis meses em uma barraca de roupas e vive seu primeiro São João no comércio. A jovem destaca a estratégia da equipe para atrair o público, apostando na moda adulta. “A gente procurou roupas variadas, com cores neutras que também podem ser usadas fora do São João. Tem macacão, quadriculado moderno, a galera tá gostando.” Com otimismo, ela espera vender todo o estoque até o fim das festas: “Tenho esperança que vai vender tudo.”

Veterano nas feiras populares, Antenor Nogueira, de 61 anos, atua como ambulante há mais de quatro décadas e é conhecido por comercializar acessórios de cabelo e artigos voltados ao público feminino. “Todo ano é isso. A gente se prepara confiando em Deus. Até agora não tá ruim, mas podia estar melhor”, diz. Assim como Patrícia, ele também guarda o que sobra para o próximo ciclo junino. “Não saio no prejuízo. É só saber guardar bem.”
Mesmo diante das incertezas que envolvem o comércio informal, desde fatores climáticos até questões políticas e educacionais, os vendedores seguem adaptando-se ao cenário e mantendo viva a tradição de fazer do São João uma oportunidade de sustento e renda extra.
