
Chegou o mês do santo casamenteiro, tempo de fé, esperança para as moças solteiras e também uma oportunidade especial para os amantes da arte. Até o dia 3 de agosto, o Centro Histórico de Salvador recebe a 11ª edição da mostra “ANTÔNIOS”. Gratuita, a exposição acontece no ME Ateliê da Fotografia, no Santo Antônio Além do Carmo, com visitação de quinta a domingo, das 16h às 19h.
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Com curadoria do artista Mário Edson, o evento homenageia Santo Antônio, o popular santo casamenteiro, e propõe uma visão aprofundada na relação entre fé, arte e memória coletiva. A edição deste ano adota o tema “Esperando na Janela” e conta com a participação de 33 artistas que se expressam por meio da fotografia, escultura, pintura, aquarela, bordado, mosaico, arte digital e outras linguagens visuais.
Como destaque, dez artistas receberam janelas de madeira como base para suas obras, em referência à tradição de posicionar imagens do santo nas janelas durante as procissões. “Funciona como uma provocação a adentrar o ateliê. Acabamos por fomentar uma ação de formação de visitantes, aqueles passantes que de forma espontânea são instigados pelas imagens na rua”, explica Mário Edson.

A mostra também extrapola os limites do espaço expositivo, ocupando a Ladeira do Boqueirão com uma intervenção aérea a céu aberto. Sob a curadoria da artista plástica Bianca Branco, o grupo carioca “Tabuleta” traz 24 artistas para integrar o circuito, ampliando o acesso e a experiência do público com a arte. Além da exposição, a mostra prevê atividades comunitárias, como a oficina de guirlandas juninas no dia 14 de junho.
A iniciativa faz parte da programação da tradicional Trezena de Santo Antônio e ganha força ao se integrar ao Jubileu da Igreja Católica, celebrado a cada 25 anos como um período de renovação espiritual e valorização da caridade. A paróquia local foi recentemente elevada à categoria de santuário, reforçando o caráter especial desta edição da mostra.

Para o artista visual Alysson Santos Costa, 43 anos, a proposta permitiu um diálogo entre religiosidade e identidade nordestina. “Me inspirei na temática mais nordestina, fazendo alusão a esculturas de madeira, cordel e bordado. Acredito que esse acolhimento e referência ao nosso povo já são sentidos, mesmo que nem sempre identificados de imediato”, afirma.
Já a artista Jacy Gordinho, de 56 anos, criou a obra “A Luz da Devoção na Trezena na Janela”, que evoca a simbologia da fé e da espera. “Foi como olhar a luz que não se vê, mas se sente no peito de quem busca. O que mais me toca é essa dança sagrada que se revela nas ruas de Salvador, onde fé e arte dançam juntas como um balé ancestral”, declara.
